Maurício chegou ao apartamento, jogou as chaves na mesinha de cabeceira e se jogou na cama. Olhava para o teto. Tudo que ele menos queria agora era pensar, mas sua mente simplesmente não parava. Sentia-se aliviado, um pouco vingado e ao mesmo tempo muito triste com seu desabafo.
A mente vagava por momentos da infância, quando a mãe o amava, o enaltecia, o chamava de meu campeão. Ele era bom nos esportes e sempre buscava ser melhor para agradá-la. Cada vitória, cada nota alta, cada prêmio fazia com que ela demonstrasse ainda mais seu amor por ele, até que ele começou a crescer e a ter suas próprias vontades. No começo, ele não entendia o que estava acontecendo. Demorou a perceber que o amor da mãe tinha uma condição: obedecer. Era como se existisse um contrato invisível: ela o amava, contanto que ele se encaixasse, dissesse "sim", que sorrisse no momento certo e que repetisse suas ideias como um eco, incapaz de questionar. Quando passou a dizer “não”, a contar seus próprios sonh