O jantar tinha terminado, mas Henrique ainda bufava impaciente, enquanto guiava o carro pela avenida silenciosa. Antônio dormia profundamente no banco de trás, com o rosto encostado no assento e Clara olhava a chuva que agora parecia diminuir.
— Eu não devia ter esperado o Maurício surtar. Ficar ali fingindo que nada aconteceu não adianta nada … Ele me expôs na frente de todo mundo. – disse Henrique irritado.
Clara manteve os olhos na rua. Não queria tomar partido, mas sentiu que deveria apaziguar a situação.
— Não acho que foi exposição. Ele só falou o que tava entalado.
Henrique soltou um riso abafado.
— Ele tem inveja. Sempre teve. A diferença é que agora me envolve nos problemas dele com nossos pais pra justificar o ranço dele por mim…
Clara suspirou. Não adiantava falar nada agora, ele estava ouvindo apenas a si mesmo. Desviou os olhos para o retrovisor, onde podia ver o filho adormecido. Depois, olhou de novo pra frente.
— Se quiser, pode nos deixar no cruza