A noite não trouxe sonhos.
E isso, para Lyria, foi estranho.
Ela acordou no meio da escuridão com a sensação exata de que algo tinha passado — não pelo quarto, mas por ela. Como um pensamento que não nasce, apenas aparece pronto.
Sentou-se na cama, o coração calmo demais para quem acabou de despertar.
O disco estava sobre a mesa.
Não brilhava.
Não vibrava.
Mas estava… atento.
Lyria levantou-se devagar, os pés tocando o chão frio. A casa dormia. Nenhum passo, nenhum sussurro. Ainda assim, havia presença.
Não hostil.
Não acolhedora.
Calculada.
Ela se aproximou da janela.
O vale estava coberto por uma névoa baixa, quase luminosa. Não era igual às outras. Não se movia com o vento. Permanecia.
— Tu estás acordada — disse a voz.
Não veio de fora.
Veio de dentro do silêncio.
Lyria sentiu o corpo inteiro se tensionar, mas não recuou.
— Estou — respondeu, em voz baixa.
— Eu sabia que estarias — a voz disse. — Sempre acordas quando algo muda.
Ela fechou os dedos ao redor do disco.
— Não me cham