O efeito não foi imediato.
E isso foi o mais inquietante.
Helena esperava alguma consequência — um sinal, uma ruptura, uma reação visível. Mas o dia seguiu quase normal demais. O tipo de normalidade que denuncia cálculo.
— Ele está recalculando — disse Kael, ao final da tarde.
Erynn assentiu.
— Porque algo mudou.
Folheou o livro. — Ele perdeu o controle da narrativa.
Helena franziu o cenho.
— Explica.
Erynn ergueu os olhos.
— Até agora, ele estava conduzindo o ritmo. Ataque, recuo, infiltração.
Fechou o livro. — Hoje, vocês caminharam sem reagir. Sem medo. Sem confronto direto.
Pausou. — Isso quebra o padrão.
Lyria, sentada perto da lareira, observava as chamas.
— Ele não sabe se ataca ou se espera — disse. — E isso o incomoda.
Kael se aproximou da filha.
— O que tu sentes agora?
Lyria pensou antes de responder.
— Um vazio estranho.
Olhou para o disco. — Como se ele tivesse puxado algo e não tivesse vindo nada junto.
Helena sentiu um arrepio.
— Ele tentou se apoiar no medo — murmu