O portão principal foi aberto ao pôr do sol.
A luz dourada da tarde atravessou o pátio como uma lâmina, cortando a névoa e o silêncio.
No centro, um homem montado em um cavalo negro esperava imóvel, a capa vermelha manchada de lama e neve.
Os lobos rosnavam baixo, farejando o ar.
O cheiro era errado — ferro, fumaça e… rosas queimadas.
Helena observava de cima das muralhas.
Assim que o viu, o corpo inteiro dela reagiu.
Um arrepio subiu pela espinha, e o selo em seu ombro começou a pulsar.
— Não o deixem entrar — murmurou, sem perceber que falava em voz alta.
Mas já era tarde.
O homem ergueu o rosto.
Era jovem, bonito demais para aquele lugar — pele pálida, olhos cor de âmbar, um leve sorriso que parecia ferir.
Quando olhou para o castelo, os lobos recuaram.
O ar ao redor dele se distorceu, como se o vento o evitasse.
Ronan aproximou-se da muralha, mão no punho da espada.
— Mensageiro do Sul, anuncie-se.
O estranho desmontou devagar, a capa deslizando pelos ombros como sangue escorrendo