A lua cheia pairava sobre as torres como um olho cansado.
A neve cessara, mas o frio aumentava — um frio que não vinha do vento, e sim daquilo que dormia sob a pele de Helena.
Três noites haviam se passado desde o rugido.
O castelo ainda tremia em seus alicerces.
Os lobos vagavam inquietos, uivando em intervalos irregulares.
Alguns aldeões diziam ouvir vozes no gelo; outros afirmavam ver sombras douradas atravessando a névoa.
Kael permanecia recluso, o corpo se curando devagar, o olhar distante.
Erynn o vigiava em silêncio, temendo que o equilíbrio recém-conquistado fosse frágil demais.
Mas a verdadeira inquietação morava em outro lugar — na torre oeste, onde Helena acordava todas as madrugadas com o coração latejando como tambor.
O selo no ombro pulsava em prata.
Mas logo abaixo, a nova marca, dourada, respondia — viva, quente, indomável.
Era como carregar dois corações.
Um do Norte.
Outro do que restara de Dravon.
Ela se levantou, caminhando até a janela.
A paisagem era de um branco