O amanhecer não trouxe luz.
Apenas um brilho pálido, quase doente, que escorria pelas janelas do castelo como se o próprio céu tivesse desistido de clarear.
O vento soprava constante, uivando entre as torres, e os lobos mantinham-se em silêncio.
Silêncio demais.
Erynn caminhava pelos corredores de pedra, o cajado batendo ritmado no chão.
A cada passo, runas antigas se acendiam sob seus pés e se apagavam logo em seguida — rituais de proteção que já não bastavam.
A fenda crescia, e o Norte sangrava em silêncio.
Kael despertou.
O corpo ainda ardia, mas os olhos voltaram à cor de aço.
O sangue seco marcava o lençol como uma lembrança de tudo que ele havia perdido e do que ainda restava.
Quando tentou se erguer, a dor o atravessou — mas o instinto o manteve de pé.
Ronan entrou logo em seguida.
— O Conselho quer respostas.
Kael lançou-lhe um olhar breve.
Não precisou falar.
Ronan suspirou. — É, eu imaginei. — E completou, em voz baixa: — Helena está na torre. Diz que o vento não dorme.
O Al