A aurora não chegou.
O sol apenas fingiu nascer — um círculo pálido atrás das nuvens que pareciam cansadas demais para se mover.
O Norte dormia em cinza, e o castelo inteiro parecia ouvir um som que ninguém admitia ouvir: a canção.
Helena despertou suando.
O corpo tremia de frio, mas a pele ardia.
As lembranças da noite anterior vinham em lampejos: o vento cortando o salão, o som que saiu de sua garganta, o toque de Kael segurando-a no limite.
Mas havia algo novo.
Na curva de seu pescoço, perto da marca, uma linha fina de prata cintilava sob a pele — como se o vento tivesse deixado um traço.
Ele está te ouvindo.
A voz de Lyra vinha de dentro, mais suave agora.
Mas também te sentindo.
Helena levou a mão ao pescoço e se olhou no espelho rachado da parede.
O reflexo mostrou seus olhos — o azul pálido agora misturado com prata.
Assustada, afastou-se.
Alguém bateu à porta.
Ronan entrou, exausto, o manto molhado de neve.
— O Alfa te chama.
— Está tudo bem?
— Por enquanto. Mas há sangue na f