Capitulo 2 - Marca

O choque inicial se transformou em terror frio e paralisante. Na sociedade lican, todos sabiam a regra fundamental que a loba ausente de Skyla conhecia por instinto: apenas o verdadeiro companheiro pode marcar. Se um lobo tentasse marcar alguém que não fosse seu par de alma, o veneno do laço era rejeitado e causava a morte lenta e dolorosa.

O casamento com Cillion era o seu refúgio, mas a marca era agora a sua sentença de morte... a não ser que esse estranho fosse o seu real destino.

Assustada consigo mesma e pelo que fez, Skyla saiu da cama, ignorando a vertigem. O arrepio de medo era mais forte que a dor. Ela correu atrás de suas roupas, encontrando tudo rasgado no chão, encarando-as chocada.

“- Seu bruto!”

Pensa irada, olhando ao redor desesperada.

“- O que eu faço? As meninas devem estar me procurando feito loucas, ou pior falaram com Cillian. Ele não pode saber. Não agora.”

É quando seus olhos azuis pousaram na camisa preta jogada no canto. Era uma blusa básica, mas grande, e ainda cheirava a ele, ao cheiro de pinho que a tinha levado à loucura.

“- É isso que dá rasgar as roupas dos outros.”

Ela pegou a blusa, vestindo-a. Cobria-a até o meio das coxas, e ela agradeceu a Deus por ser tão grande. O tecido era uma proteção, mas o aroma era uma armadilha, mantendo-a ligada ao seu pecado e ao seu potencial salvador/assassino.

Seu coração acelerou, e ela se encolheu, cobrindo o pescoço com a mão. Olhando para cima, ela o reconheceu instantaneamente: era Blaine, o Beta da temida Alcateia da Lua Vermelha.

A Alcateia da Lua Vermelha era muito famosa por serem assassinos assustadores. Eles eram implacáveis e tinham uma reputação sombria que os precedia. Skyla sentiu o cheiro de força bruta e autoridade emanando dele, a mesma pressão que ela sentira no homem que a marcara.

Ignorando a beleza intimidadora à sua frente, e com medo de ser reconhecida, afinal, estava vestida apenas com a camisa de um estranho e cheirando a sexo ilícito, ela se encolheu, curvando-se.

Ele a olhou de cima a baixo com um sorriso lento e calculado que não chegava aos olhos. Seus lábios se curvaram em uma expressão que Skyla interpretou como conhecimento. Parecia que ele sabia exatamente de onde ela estava vindo e o que havia feito.

Em pânico total, ela ignorou-o e fugiu.

Skyla correu para o estacionamento. O ar frio da manhã a fez tremer, mas ela não parou até avistar a conhecida caminhonete de Drika.

— Aonde você estava? Te procuramos a noite toda! — Questionou Drika, furiosa e aliviada ao mesmo tempo, saindo do carro.

— Oh, meu Deus, você dormiu com alguém? — Farejou Leona, surgindo do lado do passageiro, seus olhos arregalados com a surpresa do cheiro forte.

Skyla encolheu-se, e Drika olhou nervosamente para dentro do casarão aonde aconteceu a festa.

— Entra no carro! Temos que sair daqui, agora.

A pressa de Drika a assustou ainda mais.

Skyla correu para o banco de trás.

— Como não te encontramos, ligamos para o Cillion. — Contou Leona, a voz angustiada, enquanto Drika acelerava.

O coração de Skyla falhou uma batida. Seu pecado não era mais um segredo só dela; agora era um problema que envolveria seu noivo e a matilha. Elas correram para longe do território neutro.

— Como não te encontramos, ligamos para o Cillion. — Contou Leona, a voz angustiada, enquanto Drika acelerava.

O coração de Skyla falhou uma batida. Seu pecado não era mais um segredo só dela; agora era um problema que envolveria seu namorado e família.

Elas correram para longe do território neutro.

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O sol ainda não tinha rompido totalmente a névoa quando Blaine, o Beta de Cedric, entrou no quarto principal, sem sequer bater.

Ele encontrou Cedric parado perto da janela, completamente nu, a mão apertando o peito como se tentasse conter o próprio coração. A respiração do Alfa era profunda e irregular, e um cheiro novo, doce e floral, pairava no ar.

— Achei que nunca veria essa cena novamente — Blaine comentou, com um sorriso insolente.

Cedric se virou, os olhos escuros ardendo com uma mistura de fúria e algo que Blaine reconheceu como êxtase possessivo.

— Ela se foi ?— Cedric rosnou, a voz rouca.

— Sim, meu Alpha. Mas o cheiro da satisfação ficou. — Blaine inclinou a cabeça, o sorriso desaparecendo. Ele conhecia Cedric. Desde a morte de Ava, sua companheira e mãe de Curtis, Cedric havia se tornado uma fortaleza fria, abstendo-se de qualquer intimidade.

— O abstinente finalmente caiu. – Provocou Blaine novamente, antes de perceber a seriedade no olhar de seu alfa - Quem é ela, meu Alfa?

— Algo que achei que nunca mais teria... — Cedric rebateu, angustiado enquanto Blaine arrumava uma nova camisa para seu alfa que se vestia com a fúria de quem tenta cobrir uma fraqueza. — Mas o corpo... o corpo não mente, ela é a minha nova companheira.

Blaine arregalou os olhos surpreso.

- Companheira? Espera? É sério?

-Pior que é... - Ele fechou os punhos, a confusão era palpável. A atração era avassaladora, a conexão mais poderosa que ele já sentira, mais até do que com sua falecida esposa, Ava, fazendo a mente dele estava em guerra. — Ela me pegou desprevenido. Eu não sei nem o nome dela. Quero saber tudo sobre ela ainda está noite.

Cedric ordenou acendendo um cigarro e Blaine faz uma reverência respeitosa.

— Sim, alfa.

Cedric sua voz era fria e afiada, um comando que não admitia falhas.

—  Quero o nome dela. Quero saber quem a enviou. Quero saber cada passo que ela deu nos últimos dez anos. Quero saber os motivos dela, os inimigos dela, os amantes dela. Quero o dossiê completo. Investigue-a. Tudo. Agora.

Blaine parou de sorrir. O tom de Cedric era um alerta de perigo.

— Sim, alfa.

— E, Blaine? — Cedric o chamou antes que ele saísse. — Não mencione isso a Curtis.

— Entendido — Blaine respondeu, sabendo que o segredo era a única coisa que mantinha Curtis seguro da fúria protetora de Cedric.

Poucas horas depois, Cedric estava em seu escritório, exausto e irritado, repassando os últimos relatórios de ataque. Ele sentia o cheiro doce daquela mulher impregnado em sua pele, e isso o deixava desorientado.

A porta se abriu, e Blaine entrou com um arquivo na mão, a expressão sombria.

— Relatório. Seu nome é Skyla Prier — Blaine disse, colocando o arquivo na mesa com um som seco.

Cedric pegou o arquivo, a raiva aumentando a cada linha que lia.

— É a filha do Beta da Matilha Bluemoon — ele rosnou, jogando o arquivo de volta. — Aquele maldito Beta! Eu sabia que era uma armadilha.

— Não é só isso, Alfa. A jovem tem uma reputação. Péssima. - Blaine começou a relatar, a voz monótona e profissional, enquanto as informações perfuravam a alma de Cedric como facas. - Ela está comprometida com o filho do Alfa da Bluemoon, Cillion. Um relacionamento arranjado, mas que lhe garantia privilégios. É vista como oportunista e interesseira dentro da matilha. Há rumores de que ela se envolve com o parceiro da própria irmã para subir na hierarquia. Ela sempre buscou o poder. Os boatos a pintam como uma promíscua, que usaria qualquer meio para conseguir o que quer.

Cedric se levantou da poltrona de couro, a fúria em seu peito era tão intensa que seu lobo ameaçava sair. A dor e a beleza da noite anterior foram brutalmente manchadas por aquelas mentiras. Seu interior que gritava ser ela, sua nova companheira, parecia agora um ardil cínico. Ela havia armado esse encontro. Era uma espiã, uma manipuladora enviada pelo inimigo para derrubá-lo.

— Eu sabia! Eu sabia que o que aconteceu era bom demais para ser verdade! — Cedric, rosnou.

Nesse momento, Curtis entrou, o rosto marcado pela dor e a frustração que só um filho que perdeu a mãe pode sentir.

— Por que você não está fazendo nada para vingar a minha mãe?!

A tensão triplicou. A raiva de Cedric pela traição de Skyla se chocou com a culpa e a fúria que Curtis sempre despertava ao mencionar Ava.

— Cale a boca, Curtis! — Cedric rugiu, suas garras finalmente estalando.

— Por que você a deixou morrer?! — Curtis gritou de volta, as lágrimas nos olhos. — Por que você não faz nada?! Você é o Alfa! Onde está sua vingança?!

— Isso não é da sua conta, moleque! — Cedric apertou a mandíbula, omitindo a verdade, mas sentindo-se um fracasso diante do filho.

— Você está escondido aqui, brincando com... com... mulheres aleatórias enquanto a memória dela é profanada! — Curtis sibilou, sentindo o cheiro de fêmea vir de seu pai.

A menção indireta a Skyla, o ódio do filho pela sua fraqueza, e a dor de não ter vingado Ava, ainda, fez Cedric cambalear. O Rei Alfa, que deveria ser implacável, sentia-se um homem dividido.

— Saia! — Cedric ordenou, apontando para a porta, sua voz tremendo de contenção. — Saia antes que eu esqueça de que é meu filhote!

Curtis fugiu, irado, deixando a dor em seu rastro. Cedric desabou na cadeira, a cabeça entre as mãos. O ódio pela Matilha Bluemoon, e agora por Skyla, queimava em seu peito.

Blaine esperou até que a fúria de Cedric diminuísse e o Alfa recuperasse a compostura fria.

— A fêmea está no quarto dela, no endereço que está no dossiê. O que faço com ela? — Blaine perguntou, usando propositalmente a palavra "fêmea" para desumanizar Skyla.

Cedric levantou a cabeça. Seu olhar estava frio, mas havia uma luta sutil ali. O laço estava gritando uma versão diferente da história de Blaine, mas a razão e o medo da traição eram mais fortes.

— Deixe-a lá. Não a perturbe. Eu irei visitá-la em breve.

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