Alena Petrova
Eu não sabia se era o barulho dos meus próprios pensamentos ou o silêncio pesado daquele lugar que me deixava mais nervosa. Minhas mãos tremiam sem que eu conseguisse controlar, e meu coração parecia preso na garganta. O ar estava denso, quase impossível de respirar, e eu tinha a sensação de que a qualquer momento algo muito pior ia acontecer.
E aconteceu.
A porta se abriu devagar, como se o próprio dono dela quisesse saborear cada segundo da minha apreensão. O cheiro de charuto veio primeiro, antes mesmo de eu ver o rosto dele. Quando finalmente apareceu, com aquele sorriso cínico estampado nos lábios e o charuto entre os dedos, eu quase engasguei com o ar.
— Olá, Alena. É bom te ver de novo. — ele disse, como se estivéssemos nos reencontrando em um café, e não nesse cenário miserável que mais parecia o prenúncio do fim do mundo.
Meus olhos se arregalaram e eu não precisei de muito tempo para reconhecer aquela voz.
— Você? — cuspi, quase sem ar. — Eu deveria saber.