Eu o olho. O olho como se, pela primeira vez, realmente enxergasse.
O táxi para em frente à nossa casa. Pago a corrida e desço do carro. Quando entro, encontro a senhora Willians chorando no sofá.
— Lúcio? — pergunto, já sentindo as lágrimas ameaçando escapar.
Ela assente, com a voz embargada:
Sim, ele passou mal. Chamamos a ambulância, que veio rápido e o levou para o hospital.
— A que horas foi isso?
— Agora há pouco.
— Você sabe para qual hospital eles o levaram?
— Não. Temos que esperar. Lola me disse que assim que chegasse lá, ligaria para avisar como ele está.
— Vou tentar falar com ela. — Com as mãos trêmulas, pego o celular na bolsa e disco o número de Lola. Droga! Cai direto na caixa postal. — Não consigo falar com ela.
Solto o ar com angústia, sento-me ao lado da senhora Willians e aperto sua mão num gesto de conforto — que eu mesma precisava naquele momento.
Ela se levanta, inquieta.
— Vou fazer um chá para nós. Melhor do que ficar sentada só esperando.
— Está certo.
Ela suspira fundo.
— E Santino?
— Está para chegar.
Ela aperta os lábios,