Lúcia
Cheguei em casa antes do pôr do sol e eu agradeci por não encontrar ninguém no portão. Entrei, guardei a sacola de lingerie rapidamente e fui direto tomar banho, como quem precisava lavar o medo do corpo.
A van branca, o número desconhecido, a mensagem... tudo ainda estava aqui dentro, latente, como uma ameaça que não me deixava respirar por completo. Mas, por outro lado, havia outra coisa dentro de mim. Algo que me invadia com uma força silenciosa.
Otávio.
Na mesa do jantar, Sabrina me mandou mensagem perguntando se eu estava bem. Respondi que sim, que tinha recebido uma carona do chefe. Só isso. Acrescentei que ele havia sido gentil. E que... elogiou minha coragem ao opinar no laboratório. Não menti. Só omiti.
Tia Marta percebeu que eu estava pensativa, mas respeitou meu silêncio. Disse que eu estava corada e com um brilho no olhar. Sorri de leve. Eu não ia explicar aquilo para ela. Nem para ninguém.
Porque aquilo era meu.
Subi para o quarto, fechei a porta, e de