Otávio
Chegamos ao bar. Clássico, discreto. Madeira escura, iluminação baixa, cheiro de couro e uísque caro. O tipo de lugar em que ninguém pergunta por que você está com cara de quem perdeu a alma.
Entramos juntos. Elias já cumprimentava o garçom como se fosse o dono do lugar. Eu só queria um copo e silêncio. Mas sabia que ele não ia me dar nenhum dos dois.
Nos acomodamos na mesa do canto. O mesmo garçom de sempre trouxe dois uísques sem perguntar. Elias agradeceu com um aceno. Eu nem olhei.
— Vai me dizer que a reunião valeu a pena? — Elias perguntou, dando um gole no Uísque.
— Não. Mas serviu pra reforçar que eu tô cercado de gente que finge trabalhar. — Suspirei. — A única coisa útil do dia foi…
— Ela. — Ele completou antes de eu terminar. — A faxineira que mexe com o seu eixo.
— Ela não é “a faxineira”, Elias. Ela é Lúcia.
— Ah, então é oficial: o nome já alugou um triplex na tua cabeça — Elias disparou, e se eu tivesse herdado a habilidade de corar, teria ficado const