Otávio
Acordei antes do sol nascer, como sempre. A cidade ainda dormia, mergulhada em um silêncio raro que durava pouco. Mas naquela manhã, nem o silêncio me acalmava. Estava inquieto.
Levantei, vesti meu terno azul escuro com gravata de linho combinando. O mesmo ritual de todos os dias. Mas o café não descia com a mesma fluidez de sempre. Era como se um nó morasse na minha garganta.
Caminhei até a varanda com a xícara na mão. O céu, ainda escuro, começava a ganhar nuances azuladas no horizonte. Dali, conseguia ver a casa de Lúcia. Discreta, charmosa, iluminada por dentro. Estava tudo como deveria estar. Em segurança.
Jonas, chefe da segurança do condomínio, havia me mandado uma mensagem no final da noite anterior: "Sabrina chegou, deve passar a noite com ela." Suspirei aliviado. Saber que Lúcia não estava sozinha era um bálsamo. Elas eram uma família de duas.
Mesmo assim, havia um peso no meu peito. Uma ansiedade indefinida. Um aviso silencioso, como um alarme que não conseguia iden