Otávio
Esperei Lúcia adormecer profundamente antes de sair. Mesmo assim, meu peito apertou por deixá-la sozinha e vulnerável. Aquela mulher — tão linda, tão forte, tão marcada — era agora o centro de tudo que me importava.
Desci as escadas com passos lentos, e ao chegar na cozinha encontrei os tios de Lúcia sentados à mesa. O almoço havia sido trocado por café forte e rostos tensos. A preocupação parecia pesar no ar como fumaça densa.
— Amanhã vou mandar alguém para ajudar vocês com a mudança. Hoje à noite gostaria que fossem para o meu apartamento e...
— E o quê, senhor? — interrompeu Seu Armando com a voz carregada. — Vai prender minha sobrinha, como aquele traste fez?
— Armando! — Dona Marta o repreendeu com dureza, mas o olhar dele continuava afiado.
— Por favor, entendam... Eu não quero nada além de proteger a Lúcia. Eu a amo. Minhas intenções com ela são sinceras. Entendo o lado de vocês e não vou insistir, mas o guarda-costas vai ficar aqui — minha voz saiu mais firme do que es