Vitório
O céu noturno estava nublado e uma cor estranha, de roxo escuro, predominava na imensidão. Traguei o charuto, sentindo seu gosto e a fumaça adentrar seu interior.
A vista do terraço era algo que acabava aplacando um pouco da inquietação, dessa tempestade interminável que residia em seu interior. O vento forte espalhou as cinzas da ponta do charuto, e despenteou seus cabelos grisalhos.
Faltavam poucos dias para mais um aniversário de casamento.
Ela ainda não tinha assinado os papeis do divórcio, e pelo que Mila disse ao telefone quando ligou para casa, ela não pretendia assinar. A teimosia de Lucila em insistir em continuar casada com ele, inflava seu peito, e ao mesmo tempo, o irritava.
Esperava que ela compreendesse que era o melhor para ela.
Lucila vivia sozinha naquela mansão, como uma criança abandonada, e aquilo feria o coração de Vitório todas as vezes que pensava nela. Mas foi a única forma que encontrou para refrear a obsessão, o desejo imperativo que sentia po