O barulho seco de tiros ecoou no ar.
Lucila arregalou os olhos, e tudo pareceu se mover em câmera lenta. Ela viu os clarões saindo das armas, o vidro lateral do carro inimigo estilhaçando em milhares de fragmentos cintilantes, como diamantes suspensos no ar noturno. O cheiro acre da pólvora se espalhou, misturado ao odor quente de pneus queimando.
A estrada rapidamente se transformou em um campo de batalha.
- Papai! – gritou Olavo aterrorizado.
- Vai ficar tudo bem, filho. – Vitório disse num tom firme. – Algum assalto deve ter dado errado, mas nós já estamos saindo da zona de perigo.
Vitório, impassível, movia o volante com a firmeza de um general conduzindo tropas em guerra. Seus olhos estavam estreitos, calculando cada curva, cada espaço entre os carros que ele usava como escudo improvisado, partindo em direção a saída da via expressa.
Lucila via em seu perfil a concentração fria, e uma parte dela, a mais íntima, sabia que aquele homem era o único capaz de tirá-los dali vivos. M