Início / Romance / A Esposa Muda do CEO / Capítulo 1 Primeiro Amor
Capítulo 1 Primeiro Amor

Lucila

A tarde dourada manchada de folhas secas, nas calçadas do bairro nobre onde ficava o colégio Saint Joseph, em São Paulo, marcava o final do ano letivo. Os sinos soaram com o fim das aulas, e ela agradeceu aos céus por ter sobrevivido os últimos três anos sem a proteção de seus únicos amigos. Os irmãos Darius.

Desde que Lucila Drummond conheceu os Darius, eles se tornaram seus melhores amigos. Ela se sentia abençoada pela presença deles até que eles se formaram e saíram do colégio. Mas o que ela realmente sentia falta era aquele por quem seu coração ansiava. 

Ainda criança, ela sentia seu coração disparar toda vez que estava perto de um deles, e logo percebeu que seu insensato coração pertencia  não a Ícaro ou Alberto, que eram mais próximos dela, Mas a Vitório, o mais velho, o mais intrigante, o mais... fascinante.

Vitório Darius era um homem que chamava atenção somente por sua presença magnética e misteriosa. Mesmo anos antes, quando ela ainda era uma garotinha silenciosa e traumatizada, a atração da presença dele já despertava nela sensações que não conseguia nomear. 

Ele foi o primeiro a encostar sua mão cálida na dela para se comunicar. E aquele toque, firme, gentil, ficou marcado em sua pele como uma promessa silenciosa. 

Desde então, ela sonhava com aquele raro sorriso, com os olhos verdes acinzentados que pareciam carregar segredos incríveis e maravilhosos. 

Ela pensou no diário que mantinha dentro da mochila, com o nome dele escrito junto ao dela, e sorriu timidamente. Ele era seu primeiro amor, o único capaz de fazer seu coração sempre tão triste, se iluminar de cores vibrantes.

Carregava os livros apertados contra o peito, divagando sobre os planos das férias onde poderia vê-lo mais vezes; quando foi surpreendida por um empurrão brutal.

Caiu no chão frio da calçada em frente ao St. Joseph.

— Sua muda idiota! — gritou Sabrina, uma das garotas mais populares da turma, e sua maior perseguidora. — Acha que engana quem com essa carinha de santa do pau oco? Meu namorado já me contou tudo! Você fica se fazendo de coitada, mas fica correndo atrás dele! Se insinuando a cada oportunidade que tem! Você não é nada além de uma vadia!

Lucila tentou se levantar, confusa e assustada. Balançou a cabeça em negação, mas Sabrina avançou contra ela novamente, empurrando-a outra vez, fazendo seus livros voarem.

— Fica se fazendo de coitada! — continuou a garota. — Mas todo mundo sabe que você dá em cima de todos os rapazes desse colégio! É uma muda imunda, sem vergonha!

A multidão começou a se formar, os alunos se aglomeravam em um círculo opressivo. Lucila sentiu seu rosto molhado, suas costas e pernas doiam, mas tudo isso era insignificante diante da vergonha e do desprezo. Gargalhadas e sussurros cortavam o ar.

— Aposto que já passou pelas mãos daqueles três irmãos Darius. Ela anda com eles pra cima e pra baixo. — disse uma voz.

— Vadiazinha de elite — zombou outra. — Deve ter dado para todos eles.

— Metida só porque tem essa carinha de boneca — murmurou uma terceira. — Soube que o pai dela comprou a matrícula dela aqui no colégio.

Lucila abraçou o próprio corpo, as lágrimas escorrendo em silêncio. Ela nem mesmo tentou se levantar de novo. A humilhação queimava por dentro, doía ainda mais por saber que não era culpada daquelas acusações nojentas. 

O tal namorado de Sabrina, já a encurralou nos corredores diversas vezes, tentando tocá-la sem permissão. Ele e os outros garotos viam nela um alvo fácil, e até mesmo apostaram para saber quem tiraria sua virgindade.

Sabrina agarrou seus cabelos com força, inclinando sua cabeça para trás com brutalidade. Um som estrangulado escapou de sua garganta.

Sabrina e os outros riram com escárnio, ela estava pronta para desferir um tapa no rosto de Lucila.

Foi quando uma voz grave e potente cortou o ar como uma lâmina letal.

— O que pensam que estão fazendo?

Todos parara, se virando na direção daquelas palavras. O tempo pareceu parar, friamente.

Então ela o viu, se aproximando como um felino perigoso. Vitório Darius. Alto, imponente, vestindo jeans desbotado, camisa preta e a clássica jaqueta de couro que moldava seus ombros largos. A barba por fazer acentuava o maxilar rígido. Os olhos verdes acinzentados faiscavam como farois surreais.

Lucila sentiu seu coração galopar desenfreado dentro do peito, seus olhos paralisaram naquela figura.

A presença dele era aterradora. Um homem que parecia ter o mundo sob seus pés. Perigoso. Misterioso. Magnético e ....atraente...muito atraente.

— Se afastem. AGORA! — ele rosnou, a voz grave ecoando entre os alunos.

Sabrina soltou Lucila no mesmo instante, empalidecendo. E se afastou rapidamente.

— Vocês acabaram de cometer um erro que vai custar caro — ele continuou, os olhos fixos no grupo em volta. — Espero que não se esqueçam do que fizeram. Porque eu não vou me esquecer.

Vitório se aproximou com passos largos e firmes, afastando os curiosos somente com seu olhar cortante, como se abrisse o mar. Ajoelhou-se diante de Lucila e, com delicadeza, limpou as lágrimas do rosto dela com os dedos.

— Está machucada?

Ela negou com a cabeça.

— Você está bem? — perguntou, a voz mais baixa, mais gentil, mas carregada de raiva reprimida.

Ela apenas assentiu, os olhos marejados encontrando os dele. Para ela, ele parecia um anjo vingador, seu protetor, o seu salvador. 

Ele a segurou com firmeza e a levantou do chão, como se ela não pesasse nada. A multidão se dissipava, em silêncio absoluto.

— Vamos sair daqui — disse ele.

Vitório a levou até onde estava estacionada sua Harley-Davidson preta. Um cavalo de ferro que ele adorava desde que começou a dirigir.

— Ícaro e Alberto pediram que eu viesse buscar você — explicou, enquanto colocava o capacete nela com cuidado. — Estão preparando uma surpresa para você lá na mansão, para comemorar seu último dia de aula.

Lucila o observava com olhos marejados. O cuidado dele a desmontava por dentro, por ser ele, por ser seus dedos que tocavam seu rosto com delicadeza.

— Consegue segurar em mim? — ele perguntou com um tom tão brando, que a surpreendeu.

Como ele podia ser tão delicado assim? Se há poucos segundos parecia prestes a fazer o mundo se curvar diante dele?!

Ela assentiu com a cabeça novamente.

— Vai ficar tudo bem, você não vai mais ter que ver esse bando de babacas insignificantes. Aqueles idiotas vão pagar por isso. — Ele praguejou baixo, visivelmente irritado.

Vitório montou na moto e indicou que ela subisse.

— Segura firme em mim, princesa.

Sim, princesa. Era assim que ele a chamava quando criança, e mesmo sabendo que o apelido remetia a infância, ela adorava ouvi-lo dizer.

Lucila obedeceu, sentindo cada nervo seu tomar consciência da presença dele tão próxima. Envolveu a cintura dele com os braços, sentindo o calor do corpo forte sob a camisa justa. Suas mãos pousaram sobre os músculos definidos do abdômen, e um arrepio percorreu sua espinha.

Não pode evitar se encostar em suas costas largas e firmes. Era ali, naquele espaço entre os braços dele e o ronco do motor da Harley, que Lucila sentiu como se estivesse em seu ninho de amor. Porque era só com ele que ela poderia se sentir assim, esfuziante, apaixonada e....segura.

Ele era o único capaz de trazer sentimentos tão sublimes ao seu coração triste e machucado.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App