A Esposa Muda do CEO
A Esposa Muda do CEO
Por: Giulia Campos
Prólogo

Prólogo 

SOB O PESO DA VERDADE

Lucila atravessou o saguão de mármore da Acrópole com passos incertos e curtos. Não esperou que a recepcionista a anunciasse, e ninguém barrou sua entrada. Todos sabiam quem ela era. A senhora Lucila Darius, esposa de Vitório Darius, o CEO daquele império.

 Quem olhasse para ela, poderia supor que sua elegância clássica e refinada fazia jus a sua posição, mas por dentro tudo estava quebrado, sob a máscara, ela era só o fantasma de uma mulher destruída.

Acionou o elevador, fechando as mãos em punhos, tentando conter as lágrimas que queimavam os seus olhos. Seu corpo tremia, o coração batia tão forte que chegava a ecoar nos ouvidos, abafando o som dos saltos que pareciam perfurar o chão brilhante. 

Cada passo era uma punhalada contra o peito que já não sabia como respirar. A dor dilacerava seus pulmões, ela apertou os olhos com força, consumida pelo gosto intragável do engano e da desilusão. 

Ao abrir a porta do escritório, não permitiu que a secretária a detivesse. Atravessou o ambiente rapidamente e abriu a porta de madeira esculpida com um movimento firme.

Vitório ergueu os olhos do computador. Os olhos verdes acinzentados encontraram os dela como lanças frias e afiadas. A surpresa passou em meio segundo. A voz dele veio grave, sonora e dura como uma rocha.

— O que você está fazendo aqui, Lucila?

Ela mal podia controlar o próprio corpo. Se fosse capaz de falar, nesse momento, ela estaria gritando de revolta.

 Caminhou até a mesa e atirou o envelope em cima dela com força. Fotos escorreram da abertura, deslizando sobre o tampo escuro como facas cortantes. Imagens dele mais jovem, totalmente nu atracado com uma mulher loira de olhos verdes intensos, seus corpos se fundindo entre os lençois vermelhos. 

Ela era Astrid. A mesma mulher com quem ele teve um filho. A mesma criança que Lucila acolheu em sua casa e em seu coração como se ele tivesse nascido de seu próprio ventre.

Lucila puxou o celular com as mãos trêmulas. Digitou com rapidez, seus olhos cheios de lágrimas e mágoa; ela estendeu o aparelho para ele ver. "Agora entendo o motivo da sua rejeição. Eu era tão cega pelos meus sentimentos que nunca percebi o real motivo."

Vitório se levantou, os olhos brilhando perigosamente, imponente, poderoso, e veio em direção a ela.

— Lucila, não tire conclusões sem saber de tudo. — A voz dele tentava ser comedida, mas o tom afiado era inegável.

Ela recuou, o punho contra o peito, como se pudesse conter a dor que a sufocava. Com os dedos ágeis, digitou outra mensagem.

"Você foi cruel comigo todo esse tempo, porque eu nunca fui importante para você. Porque quem você queria NÃO ERA EU!"

Vitório se aproximou mais, e segurou seu braço, mas ela o arrancou com tanta força que quase caiu para trás. Ele a segurou pela cintura, antes que desequilibrasse. A expressão dele mudou subitamente. Irritação, fúria, revolta dura e fria, contida.

— Pare com isso já! Não seja tão impulsiva, Lucila. Você quase se machucou!

Ela digitou com pressa, os dedos trêmulos, enquanto se afastava novamente, mesmo com a insistência dele em segurá-la. "Não me toca! Você não tem mais esse direito." Os grunhidos sufocantes escapando de sua garganta dolorida.

Ergueu o celular com mais uma mensagem, sua expressão devastada, os lábios trêmulos, olhos marejados. Se sentia tão miserável, que só de olhar para o rosto de seu marido, ela queria desaparecer.

"Eu já sei de tudo! Essa mulher é a mãe do Olavo. Você dormia com outra enquanto se negava a dividir o quarto comigo, inclusive a mesma cama. Me rejeitava para dar para sua amante tudo o que deveria ser da sua esposa. Eu te dei tudo, todo o meu amor, Vitório! E você jogou isso no lixo como se não fosse nada. Você me enoja!!"

O celular escorregou de seus dedos, quando suas mãos pequenas perderam completamente a firmeza, caindo no chão com um baque. Lucila abraçou o próprio corpo, soluçando, o frio cravando em sua espinha desde sua infância, consumiu seu interior como uma terrível avalanche congelante. As pernas perderam a estabilidade. Vitório se abaixou e pegou o aparelho.

Ele leu as mensagens em silêncio total. Um instante suspenso no tempo.

Ao se levantar, ele largou o celular sobre a mesa e segurou os ombros dela, ignorando seus protestos enfraquecidos por sua vulnerabilidade. A mão enorme alcançou o rosto dela, seus dedos esfregando seu rosto com movimentos ásperos.

— Lucila, pare. Pare de chorar! Você precisa se acalmar e me ouvir, porque não importa o que você pensa que sabe. Nada vai mudar o fato de que você é a minha esposa.

Ela esmurrava o peito dele sem força, tentando se afastar, mas ele não se movia nenhum centímetro. As lágrimas se tornando um mar fluido, interminável, cristalino e transparente.

Lucila pegou o celular outra vez e escreveu. "Não, eu não sou. Não há mais nada entre nós. Nenhuma relação de MENTIRA vai apagar o que você fez!  Agora que eu sei de tudo, Vitório, eu só consigo sentir uma coisa por você. Desprezo!"

Vitório leu, rapidamente. Seu rosto ficou mais austero, os traços tensos, as sobrancelhas se unindo em um só franzido profundo. Ele segurou o rosto dela com ambas as mãos, obrigando-a a olhá-lo nos olhos.

— Escuta bem o que eu vou te dizer, Lucila. — A voz dele era uma promessa e uma maldição ao mesmo tempo. — Você nunca, NUNCA vai se separar de mim. É uma Darius, carrega o meu sobrenome, e você quer queira ou não, é a minha mulher! Mesmo que pense que tem o direito de se separar, você é minha. Só MINHA, entendeu?

Lucila fechou os olhos com força, as lágrimas escorrendo sem parar. O coração dela gritava, mesmo que a voz não saísse, e que o silêncio perpétuo incomodasse e a diminuísse mais do que nunca. 

Sem que esperasse, a boca de Vitório cobriu a dela. Se apossando sem gentileza, sem pedir permissão, só exigindo. As mãos fortes a abraçaram de uma forma, como se ele nunca mais fosse permitir que ela se afastasse; o calor do corpo dele se irradiando pelo dela, a respiração rápida dele retumbava em seu peito forte.

O cheiro tão conhecido e tão marcante a invadiu no mesmo instante que a língua dele invadiu a boca dela. A mente de Lucila ficou em branco quando a exploração firme e possessiva se enveredou dentro da boca dela, tocando cada parte de sua cavidade, sugando sua língua, forçando-a a corresponder. Uma mão segurou firmemente a base de seu pescoço, movendo a cabeça dela conforme ele queria.

O gosto dele se tornou embriagante, como um vinho envelhecido em barris de carvalho por várias décadas. Lucila arfou contra ele, sua língua formigava, sua pele fervia, sua boca se movia involuntariamente, querendo sentir mais. Os movimentos dele mudaram, se tornando mais sensuais, lânguidos. Lucila se perdia nos lábios dele, na força bruta de seu corpo que a comandava tão perfeitamente.

Ela nunca o teve de verdade, mas ele a possuía por completo. Mesmo na dor. Mesmo na rejeição, ela sempre foi dele.

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