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Capítulo 2  A escolhida

Vitório

Vitório Darius despediu-se de Lucila e de seus irmãos com um aceno seco antes de acelerar sua Harley em direção ao seu apartamento. O filho mais velho da família Darius gostava de fortes emoções, era a promessa para substituir o pai, Otávio Darius na Acrópole, ainda esse ano.

Ele estava de volta há pouco mais de um mês, e já estava trabalhando em projetos para quando assumisse a empresa. Vitório tinha trinta e cinco anos, e desde os vinte participava ativamente das decisões na empresa. 

Seu pai tinha orgulho de sua intuição afiada e de sua forma agressiva e implacável de negociar. Portanto, ele estava mais do que pronto para assumir a presidência da Acrópole.

Seu apartamento estava confortavelmente silencioso, como sempre. Ícaro e Alberto insistiram para que ele ficasse um pouco na festa que eles prepararam para Lucila. Como eram só as famílias, felizmente o programa foi rápido, e a despedida mais rápida ainda. 

Ele não gostava de despedidas longas, tampouco de conversas vazias. Ícaro e Alberto o idolatravam, e ele sabia disso, mas às vezes a devoção dos irmãos mais novos o asfixiava. 

Tinham tanta liberdade, tanto ímpeto, mas nenhum deles compreendia o que era carregar o peso do nome Darius como o legado que ele se tornou com o trabalho incansável de seu pai. Um homem inteligente, mas que não nasceu em berço de ouro.

Já passava das onze da noite quando ele desceu para a garagem. O rugido contido do motor do Audi preto como uma pantera, foi como um ronronar de fera bem alimentada. 

São Paulo se estendia diante dele com seu brilho frio, concreto e distanciamento conveniente. Estava indo vê-la. Astrid.

O nome dela era quase uma prece em seus pensamentos. Ela não sabia o poder que tinha sobre ele, ou talvez soubesse, com aqueles olhos verdes de gata e aquela perspicácia cortante. Era o tipo de mulher que não se perdia no meio da multidão. Altiva, elegante, charmosa.

Tinha corpo de escultura clássica, esguia e delicada como uma taça de cristal, o tipo de mulher feita para mãos cuidadosas ou destruição completa. Vitório não decidiu ainda o que faria com ela. Ou se conseguiria fazer algo que não fosse amá-la até se perder. O fato é que estava perdido em seus encantos.

Tinham se conhecido há pouco mais de um mês, em um voo executivo do Rio para São Paulo.

Por acaso, ou destino, se ele ainda acreditasse nessas coisas, ela se sentou ao lado dele. Vestia um terno branco e saltos agulha vermelhos. Não disse muito. Foi ele quem puxou conversa, o que não era comum. Mas algo nela o desafiava. Algo nela o atraiu imediatamente.

Desde aquele voo, ela o acompanhava nos pensamentos como uma tatuagem invisível. Não havia passado um dia sequer sem vê-la, tocá-la, e fazer sexo intenso e selvagem.

Mas ele não contava isso a ninguém. Vitório era um homem reservado, muito reservado. Sua vida íntima era um território minado e fechado com trancas que ele mesmo esqueceria como abrir, se pudesse.

Estacionou a algumas quadras do prédio dela, como sempre fazia. Não tinha medo de ser visto. Era instinto de autopreservação. Todos sabiam quem ele era, e um relacionamento secreto agora poderia prejudicar sua ascensão como presidente da empresa.

Astrid morava em Perdizes, num edifício moderno, com fachada de vidro e plantas na entrada. Tudo muito clean, muito impessoal. Como ela parecia ser, à primeira vista. Mas ele sabia que havia lava correndo sob aquele aspecto frio.

Enquanto caminhava em direção ao prédio, sentiu um pensamento desviar-se da rota para Lucila Drumond. O rosto bonito e delicado de sua princesa surgiu em sua mente como a imagem de uma obra de arte pintada por um artista renomado.

Como um sopro de vento vindo para lembrar que existia perfeição nesse mundo. Ela era uma linda criança ainda, quando a viu pela última vez. Mas agora havia algo diferente nela. Ela cresceu, e um dia se tornaria uma mulher que faria todos os homens se arrastarem aos seus pés.

Lucila sempre foi tímida e muito sensível. Ele sempre se preocupou que coisas como aquela que presenciou na porta do colégio acontecessem com ela. Por isso sempre procurava saber como ela estava, mesmo se estivesse fora do país.

Ela era muito introvertida, como um ser divino que não poderia ser tocado pelos reles mortais, os únicos com quem ela falava em libras eram os irmãos dele, poucos tinham paciência para aprender sua linguagem. 

Precisava tomar algumas providências para ferrar aqueles babacas, ou seus pais. Eles tinham que aprender o que acontecia com quem mexia Lucila. 

Vitorio sorriu lentamente, ao se lembrar do jeito delicado em que suas mãos pequeninas o abraçaram timidamente. Vitório sempre viu nela aquela aura angelical que o deixava sem palavras, e por isso ele sempre pensou em Lucila como sua princesa que deveria ser protegida de tudo e de todos a todo preço. 

Os Drumond eram amigos de sua família desde que Lucila tinha apenas seis anos. Eles frequentavam os eventos familiares e sociais na casa um do outro. Vitório se lembrou do rubor que cobriu seu rosto de porcelana, quando desceu de sua garupa. 

Havia algo de sagrado na pureza daquela menina, algo que lhe causava um desconforto quase físico. Os olhos dela… como pedras de safira molhadas. Tão brilhantes, tão límpidos, tão belos.

“Como ela consegue gostar dos dois brutamontes?”, pensou com um meio sorriso. Ícaro era um imbecil ciumento, e Alberto, ainda pior, encrenqueiro e cheio de marra. E, no entanto, ela parecia se sentir muito à vontade com eles a ponto de ficar sempre muito confortável com seus irmãos.

Talvez fosse porque eles a vissem como uma irmãzinha mais nova. Talvez porque fossem os únicos que não a tratavam com discriminação.

Lucila era um anjo de luz. E ele… bem, ele era tudo o que poderia destruir um anjo. Um demônio da noite que se alimentava de prazer.

E por esse motivo, tudo o que podia fazer era proteger sua pequena princesa de longe, sem chegar muito perto.

Vitório balançou a cabeça para afastar aquele anjo de seus pensamentos. O elevador o levou em silêncio até o oitavo andar. O espelho o devolveu à imagem de sempre. Os cabelos escuros um pouco bagunçados, a barba aparada com descuido proposital, a camisa preta e a calça jeans de grife justa nas coxas. 

Tinha olhos verdes acinzentados que mudavam conforme a luz, ou conforme seu humor. E agora, estavam escuros como uma tempestade, porque sua mente voltava a mulher de sua vida, pensava em Astrid da forma que mais apreciava.

Nua, de joelhos, esperando por ele. O seu Dom. 

Quando a porta do elevador abriu, ele caminhou direto até o 804. Tocou o interfone com dois toques curtos. O silêncio entre o toque e a abertura da porta foi um tempo suspenso no ar.

E então, ela apareceu.

Vitório a observou com a luxúria impressa em seu olhar. Astrid estava vestida com uma camisola vermelha curta, translúcida nas curvas certas, acompanhada por um robe leve, da mesma cor, que pouco escondia. 

Os cabelos dourados estavam soltos, ondulados como um rio de ouro sobre os ombros. A coleira de couro que ele lhe deu há duas semanas era um lembrete sexy de sua submissão. Os olhos, sempre expressivos, diziam tudo. Urgência, desejo, saudade.

Ela não sorriu. Apenas o olhou como se esperasse que ele a tomasse nos braços ali mesmo, na porta. E ele quase o fez.

— Você demorou, já estava pensando que você não iria vir. — disse ela, a voz aveludada com um toque de acusação.

— O trânsito está um caos. — respondeu, sem justificar-se demais. Ele nunca se explicava, mas para Astrid… havia exceções.

Ela o puxou para dentro pelo colarinho da camisa, antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa. A porta fechou atrás deles com um clique abafado. O apartamento cheirava a vinho, mel e perfume caro. A luz era suave, avermelhada, envolvente.

— Pensei em você o dia todo — ela sussurrou, já desfazendo o nó do robe. – Estava morrendo de saudades.

Vitório a segurou pelos pulsos com firmeza, os olhos mergulhados nos dela.

— Tire a roupa e me espere na posição adequada. — disse, a voz grave e baixa. — Não me faça esperar.

— Sim, mestre. 

Ela mordeu o lábio, caminhando para o quarto com sensualidade. E naquele momento, ele soube que estava perdido, que faria qualquer coisa para ter mais e mais de Astrid.

Buscou o celular no bolso. Estava esperando um email importante, e precisava checar antes de ficar incomunicável.

No fundo da mente, como uma sombra silenciosa, os olhos de Lucila ainda brilhavam como farois azuis. E isso o inquietou imediatamente. Por que pensava naquela menina agora?

Era um lembrete dos céus para que se envergonhasse das sombras que habitava seu interior? Como se o destino tivesse decidido que um homem como ele jamais teria salvação.

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