Eduardo
Não lembrava de já ter se sentido tão exausto em um único dia.
As reuniões haviam se arrastado desde cedo, cada detalhe da abertura de capital exigindo sua atenção minuciosa. Ele poderia ter delegado boa parte daquilo, como já fizera tantas vezes, mas escolheu se manter ocupado de propósito. Mergulhou nos contratos, nas projeções, nos relatórios, como se a avalanche de números pudesse abafar os pensamentos que insistiam em rondá-lo.
Não era a empresa que o preocupava - aquilo ele dominava com precisão cirúrgica. O que o corroía, minuto após minuto, era a proximidade inevitável do banquete: o momento em que teria de encarar Vivian em meio a todos, depois da cena da noite anterior.
Ali estava o verdadeiro problema: cada vez que se aproximava dela, Eduardo sentia o controle lhe escapar entre os dedos. Ele, que mantinha disciplina quase militar, tornava-se um estranho para si mesmo na presença daquela mulher. A raiva vinha fácil demais, o desejo o corroía sem aviso, e a distância