Eduardo
Lisboa recebeu Eduardo com uma indiferença ensolarada que parecia zombar de seu desespero. A cidade, banhada na luz dourada que tanto poetas quanto turistas celebravam, revelou-se uma labirinto de ruas de paralelepípedos, colinas íngremes e eléctricos amarelos que tilintavam como sinos distantes. Tudo era estranhamente pitoresco e completamente assustador para um homem acostumado a ditar os termos de seu próprio universo.
Ele encontrou o prédio de Vivian no Príncipe Real, um edifício antigo de fachada cor-de-rosa com azulejos azuis em volta das janelas. Era exatamente o tipo de lugar que ela amaria - cheio de carácter, com vista para o Tejo, suficientemente longe dos circuitos turísticos mas perto o suficiente da animação do Bairro Alto.
A mulher da imobiliária, uma portuguesa de meia-idade com olhos que pareciam ter visto tudo, nem pestanejou quando ele ofereceu o triplo do valor de aluguel pelo apartamento vizinho ao de Vivian.
- O senhor sabe que a vizinha é brasileira, não