Donna McNight, diferente de sua irmã, nunca desejou ser uma filha-troféu. Com opinião própria e determinação, ela sempre evitou um casamento por conveniência. No entanto, tudo muda quando ela conhece Pietro Kuhn, um verdadeiro Don Juan que conquista e domina seus sentimentos. Agora, Donna enfrenta uma difícil escolha: seguir o coração ou a razão. À medida que o relacionamento entre Donna e Pietro se aprofunda, segredos obscuros vêm à tona. A família de Pietro está envolvida em negócios perigosos, e ele não é exatamente quem aparenta ser. Donna se vê presa entre o desejo de proteger seu coração e a necessidade de proteger a si mesma e aos que ama. Enquanto a paixão arde entre eles, Donna deve decidir se confia em Pietro o suficiente para enfrentar os perigos que o cercam. Será que o amor verdadeiro pode florescer em meio a mentiras e traições? E, afinal, qual caminho ela escolherá: seguir o impulso do coração ou ceder à lógica fria e racional?
Ler maisDonna McNight
Dezesseis anos
— Quem é esse garoto? — Alicia pergunta, coloca uma das suas mãos em cima dos meus ombros e olha a foto que eu estava olhando no I*******m.
— Ele é irmão do noivo da minha irmã — eu respondo suspirando e o sinal toca, avisando que as aulas já haviam se encerrado e eu finalmente estou livre.
Eu estava um pouco ansiosa, pois hoje seria a festa de noivado da minha sorella [irmã em Italiano], e seria a primeira vez que as famílias se reuniriam. É claro que como sou uma boa filha, fiz o meu dever de casa, procurando a família Kuhn em todas as redes sociais, e foi assim que encontrei Pietro Kuhn.
— Ele é um gato — Alicia diz e pega sua bolsa, me fazendo levantar. — Ele parece um modelo.
Eu acabo rindo ao ouvir isso e deslizo o dedo na tela do celular, seguindo para a próxima foto.
— Acho que já o vi em algum lugar — ela diz e eu acabo sorrindo.
— Deve ser nas revistas famosas da cidade — completo.
— Não o seu cunhado, o outro… — Ela pega o celular da minha mão e encara a foto do Pietro. — Ele já foi na minha casa — afirma.
— Você tem certeza?
— Sim, ele é amigo do meu irmão.
Pego meu celular novamente das suas mãos e encaro aquela foto de Pietro.
Pietro é lindo, uma das fotos que me chamou atenção é a que ele está na praia, de sunga branca, óculos de sol, um sorriso de canto a canto e claro, sem camisa, o que destacava muito bem seus gominhos, e o seu cabelo bagunçado que o deixava mais sexy.
— E você acha que algum dia ele olhará para você? — Alicia me pergunta enquanto caminhamos para fora da sala, seguindo para o estacionamento do colégio.
— Definitivamente não, ele é dois anos mais velho — eu falo, mas talvez estivesse errada.
Talvez Pietro olhasse para mim, se o nosso casamento fosse por conveniência, assim como o da minha irmã Bella estava sendo, mas correr o risco de me casar com alguém que poderia nunca me amar, me deixava receosa.
— Você deveria aceitar o convite do Gregório — Alicia diz, me tirando dos meus pensamentos e claro, mudando de assunto.
— Nunca que meus pais me deixariam sair com quem eles não conhecem — eu respondo quase no automático. Primeiro porque eu não queria sair com ele e segundo porque aquilo não era exatamente uma mentira. Em nosso mundo, qualquer desconhecido pode ser um inimigo, ou alguém que podia vir a nos prejudicar e Gregório estava longe de valer o risco.
Ele não valia o risco e assim como um dos melhores amigos do meu avô foi um traidor – ao menos é o que ele me disse uma vez –, Gregório também podia ser.
Seria fácil meu pai levantar a ficha completa do Gregório, eu sabia disso, mas não queria dar esperanças para alguém por quem eu não sinto nem borboletas na barriga.
— Posso fazer uma socialzinha na minha casa, é claro que seus pais não seriam contra.
Alicia insiste e nesses momentos eu queria muito que ela calasse a boca.
— Se eu for, Steffano tem que ir junto.
— Ah! Steffano, pena que já é um cachorro. — Revira os olhos. — Imagina quando seu irmão chegar nos 30 anos, será um completo galinha. — Ri.
— Com essa idade ele já estará casado.
— Falando de mim, Alicia? — Ouço a voz do meu gêmeo e claro que como ele estava falando com uma mulher, a voz dele estava com aquele tom ronronado que me irritava ao extremo.
Deus! O que eu tinha feito de tão ruim em tão pouco tempo de existência, pra merecer o Steffano?
— Sim. — Sua voz soa com deboche.
— Sei que tem uma queda por mim, não precisa se esconder com sarcasmo e deboche, quem sabe algum dia nós dois podemos… — ele dá aquele sorrisinho de canto e dá de ombros em seguida, antes de completar — sair.
Alicia ri.
— Steffano, você é um gato — ela diz e o meu irmão sorri mais ainda —, mas não quero ser apenas mais uma na lista de um adolescente mimado que nem você, então não, obrigada.
Após essa afirmação, ficou bem claro que o meu irmão não ia continuar insistindo, até porque Steffano era um galinha sem causa, mas ele ainda tinha bom senso o suficiente para não insistir quando era recusado. Então o meu irmão simplesmente a ignora e entra no carro que está à nossa espera.
— Você pegou pesado. — Eu falo e nós duas rimos.
— Seu irmão merece — Alicia diz, me abraçando. — Até amanhã, Donna. — Ela diz se despedindo e depositando um beijo na minha bochecha.
— Até, amiga.
Eu falo e caminho em direção ao carro que também me esperava. Fred, nosso motorista, estava com a porta aberta, esperando que eu entrasse.
— Obrigada, Fred.
— Disponha, senhorita Donna.
— Já disse que é apenas Donna — resmungo entrando no carro.
Fred trabalha para nossa família desde antes mesmo dos meus pais cogitarem a minha existência, e mesmo assim, insiste em me chamar de senhorita.
É difícil lidar com gente teimosa assim, mas eu até que sou boa nisso, e sei que um dia vou conseguir convencer ele a parar, então eu entro e me sento ao lado do meu gêmeo, enquanto Fred dá partida.
— Ansiosa para conhecer o noivo da nossa sorella? — Steffano pergunta enquanto mexe em seu celular.
— Não exatamente.
— Não? — Ele me encara e arqueia uma das suas sobrancelhas, esperando por uma resposta minha.
— Teffo, com o casamento da Bella, o pappa [Pai em italiano] e a mamma [mãe em italiano] anunciam de forma bem clara que só falta nós dois. Logo eles vão querer nos casar em seguida — eu lembro o meu irmão do óbvio e os dois neurônios dele parecem funcionar na marra enquanto isso.
— Merda! Não havia pensando nisso. — Bufa ao dizer, guardando o seu celular no bolso da jaqueta preta que estava usando. — Mas tenho certeza que você se casará antes de mim, isso é ao menos é um alívio.
— Como pode ter tanta certeza?
— Tem apenas dois anos que eu fui iniciado, preciso entender melhor como as coisas funcionam nesse mundo… e claro que o pappa não vai deixar que eu me case sem ao menos saber como carregar o nome da nossa família e da minha futura esposa. Eu vou ser o herdeiro da família, preciso ser guiado e ensinado antes de me casar com alguém. — Ele faz uma pausa e sorri. — Por isso seria mais fácil encontrar um homem que já sabe como funciona o nosso mundo, para se tornar o seu futuro marido.
— Nosso pai deu a opção de escolha para nossa irmã, tenho certeza que fará o mesmo comigo — eu afirmo.
Já que assim como minha irmã, também nasci para ser um tipo de esposa troféu. É o meu papel, meu dever com a nossa família, uma vertente da máfia italiana.
Meu pai a muito custo se tornou um dos maiores nomes no submundo. E fora dele, Henry McNight sustenta uma imagem impecável. A imagem que todos nós precisamos carregar como legado.
E diferente de muitas mulheres na máfia, posso dizer que Bella e eu tivemos um pouco de sorte, pois depois de muitos anos de tradição, nosso pai nos possibilitou a escolha de nos unir ou não a uma pessoa, sem amá-lo.
Contudo, apesar de meu pai ser o Capo di Capi e a sua palavra ser lei, eu sabia que assim como sorella, eu tinha que fazer sacrifícios pela nossa família. Porque na máfia, não existe outra forma de fazer uma trégua de paz e expandir os negócios, além de usar a união que vem junto com o casamento.
Era seguro. Era claro. Era sucinto e também… era tradição.
Então eu sabia que logo depois de Bella, Steffano e eu seríamos os próximos a nos casar.
Pietro KuhnFiz muita merda na vida. Grande novidade, não é? A diferença é que agora, eu realmente entendi o estrago que causei. Não só com Donna, mas com todo mundo ao meu redor. Fui tão cego pelo meu próprio ego que nem vi o que estava fazendo até ser tarde demais.Quando Isabel foi morta por Juan, alguma coisa mudou. De uma hora para outra, o peso de tudo que eu fiz caiu sobre mim de um jeito que nunca tinha sentido antes. Isabel... ela só estava no lugar errado, na hora errada, e acabou pagando o preço pelas minhas escolhas erradas, pela minha influência e falta de noção. Pela primeira vez, percebi que não podia continuar assim. Não queria repetir os mesmos erros. Não queria arruinar a vida de outra pessoa como fiz com Donna.As palavras dela ainda ecoavam na minha cabeça, quase como uma maldição. Ela disse que eu não sabia o que era gostar de alguém. Na época, ignorei, empurrei a culpa para o fundo da minha mente, mas agora? Agora, eu via que ela estava certa. Nunca soube o que e
Donna McNightA noite parecia estar seguindo o caminho perfeito, pelo menos até o momento em que senti aquele mal-estar no estômago. Tudo o que eu queria era curtir o jantar especial que Juan tinha preparado, mas de repente, uma náusea avassaladora tomou conta de mim. Foi tão rápido, tão inesperado, que eu mal consegui responder quando ele perguntou se estava tudo bem. Corro para o banheiro, o gosto amargo da bile subindo na minha garganta enquanto tento não pensar no que está acontecendo. Me curvo sobre o vaso, segurando as laterais da pia para manter o equilíbrio enquanto vomitava. Que maneira maravilhosa de terminar a noite...Ouço Juan me chamar do corredor, sua voz cheia de preocupação.— Donna? Você está bem?— Me dá só um minuto... — murmuro, tentando me recompor entre os episódios de vômito.Depois de um tempo que parece uma eternidade, levanto a cabeça e olho para o espelho. Meu rosto está pálido e eu sentia que tinha sido atropelada por um caminhão. Lavo o rosto com água fr
Juan Sales MorettiDepois de seis meses perfeitos na Grécia, estava na hora de voltar para a Itália. A lua de mel durou mais do que qualquer um esperava, mas eu sabia que precisávamos voltar. Tenho negócios para resolver com Nero e os McNight, e Donna está ansiosa para rever a família. O plano era claro na minha cabeça desde o início — assumir o império de Nero e, eventualmente, nos mudar para a Espanha. Era meu destino, minha responsabilidade. Mas, desde que me casei com Donna, tudo mudou.Ela tinha um vínculo profundo com a Itália, com a família, com o trabalho dela, e eu sabia que não podia pedir que ela deixasse tudo isso para trás. Então, decidi que não iríamos. Nós ficaríamos aqui. Na Itália. Era uma decisão que me deixava em paz, porque sabia o quanto isso significaria para ela.Naquela noite, preparei um jantar especial. Queria contar a novidade de um jeito que ela se lembrasse para sempre. Não sou nenhum chef, mas caprichei nos pratos e na decoração. Velas na mesa, flores ao
Donna McNightA lua de mel na Grécia é mais do que apenas uma viagem idealizada; é um convite à intimidade, uma promessa velada de momentos que ninguém além de nós dois presenciaria. A casa de Juan, um refúgio sobre o mar Egeu, é a moldura perfeita para o que está por vir, mas a beleza ao nosso redor é ofuscada por outra energia, algo invisível e magnético, que preenche o ar entre nós. Cada passo dentro daquela casa, cada toque, mesmo o mais discreto, só aumenta a tensão entre nós, uma expectativa crescente e voraz que aperta meu peito.Juan sempre teve essa habilidade, de conduzir cada situação com naturalidade. À medida que ele me guia pelos corredores, cada detalhe da arquitetura some da minha mente. A única coisa que resta é a presença firme dele ao meu lado, cada roçar de dedos nas minhas costas enviando ondas de desejo pelo meu corpo. Há uma fome nele, algo que cresce à medida que nos aproximávamos do quarto, e eu sei, sem que ele precise dizer uma palavra, que aquela noite ser
Donna McNightEu disse "sim" no noivado e agora estou prestes a dizer "sim" outra vez. Mas dessa vez, é muito mais intenso, muito mais real. Meu casamento. Quem diria, né? Eu, Donna McNight, aquela que sempre teve um pé no caos, agora estou aqui, prestes a me casar com Juan Sales Moretti, o homem que trouxe paz para minha vida.O caos hoje está, claro, ao meu redor. Bella e minha mãe estão completamente surtadas, correndo de um lado para o outro como duas baratas tontas, tentando garantir que cada mínimo detalhe do meu dia seja perfeito.— Donna, você já arrumou o cabelo? — Bella grita pela terceira vez em quinze minutos.— Sim, Bella, está tudo pronto! — eu respondo, tentando não revirar os olhos. Afinal, eu estou tentando manter a calma aqui. O que não é exatamente fácil com minha irmã mais velha agindo como uma organizadora de eventos de alto nível.Minha mãe e Cecília não estão muito diferentes. Elas corriam de um lado para o outro, ajeitando o véu, mexendo nas flores, conferindo
Donna McNightEu nunca pensei que diria isso, mas... eu estou feliz. Uma parte de mim, bem lá no fundo, acha quase surreal, como se eu estivesse sonhando. Depois de tudo, depois de toda a confusão com Pietro, o acidente, Isabel e as porradas emocionais que a vida jogou na minha cara... eu estou aqui, com Juan, e me sinto... plena.Sabe, eu sempre me achei uma bagunça. Meu coração sempre esteve dividido entre as expectativas da vida, o passado confuso com o Pietro e o futuro incerto. Mas, agora, ao lado do Juan, as coisas parecem... diferentes. Não é aquela tempestade de emoções como era com Pietro, aquele furacão de sentimentos que sempre me deixava sem ar, sem saber pra onde correr. Com Juan, é paz. É segurança.E hoje, hoje é o dia do nosso noivado oficial. Finalmente. Eu sabia que era importante, que era o início de uma nova fase na minha vida. A festa foi planejada com perfeição e tudo estava impecável. Cada detalhe está do jeito que Juan sabia que eu amava – elegante, mas cheio d
Último capítulo