02. Presa

James Grant

Os raios de sol que atravessaram a cortina me fizeram fechar os olhos rapidamente.

A porta se abriu devagar e eu murmurei sentindo os meus músculos tensos.

— Alfa Grant, desculpe a intromissão, mas o senhor tem um compromisso hoje. — Luke, meu beta falou. —

Encarei a loba ruiva que estava deitada sem roupa ao meu lado e a cutuquei.

— Saia. — ordenei.

Rapidamente ela levantou recolhendo as roupas e saindo.

— Sim, meu Alfa. —

Apesar do sol no céu, estava excepcionalmente frio aquela manhã.

Eu senti o cheiro de café no ar. Não que eu realmente precisasse dele.

Eu não me importava com as coisas cotidianas que os humanos faziam para se sentir vivos. Bebem café, se distraem com o trabalho, fingem que estão ocupados, quando, na verdade, são apenas passageiros da vida, tentando preencher um vazio com obrigação.

Mas eu estava preso aqui. Entre eles.

CEO de uma grande corporação que eu nunca quis, vivendo como um homem entre humanos, com todas as suas regras, falsidade e limitações.

Tudo o que eu realmente queria era dar um fim naquilo, mas minha matilha, meus subordinados, eles precisavam de um herdeiro, de um sucessor. E eu, mais uma vez, sou forçado a aceitar que a carga da linhagem não pode ser ignorada.

Encarei meu beta com o olhar mais simpático que eu podia oferecer, e pude pouco.

— Eu não gosto de ser pressionado. — Minha voz saiu mais seca do que eu queria.

Luke não disse nada. Ele sabia melhor do que ninguém que discutir comigo não levaria a lugar nenhum.

Ele apenas aguardava. Eu sentia a pressão aumentando, a cobrança vindo não só da matilha, mas também das pessoas que me rodeavam como se fossem funcionários. Nada mais que peões em um jogo que eu obviamente não queria jogar.

Eu sempre odiara a ideia de ser forçado a tomar decisões baseadas em expectativas. Especialmente quando essas expectativas envolviam um legado que eu nunca quis carregar.

Olhei para o relógio. Era cedo, mas o desgosto de ter que achar uma companheira para gerar um filhote me frustrava.

— A garota chegará com a mãe daqui a pouco. — Ele me disse com um tom quase resignado.

Eu fechei os olhos por um momento, tentando ignorar o que ele acabara de dizer.

Uma loba da região Sul, parecia jeitosa, mas sinceramente não me importava com ela,nem tampouco com a necessidade de gerar herdeiros. Mas minha matilha, aqueles que se colocavam sob a minha liderança, estavam começando a protestar.

Eles queriam um sucessor.

— Não preciso ser lembrado disso, Luke. — Eu disse com desdém, mais para mim mesmo. — Não estou nem um pouco afim de me juntar a ninguém.

Eu me levantei, deixando a raiva tomar conta de mim.

Por um momento, me peguei refletindo sobre minha vida, sobre o que eu realmente queria. Eu não queria ser Alfa. Eu não queria essa carga. O que eu realmente queria era estar longe de tudo isso. Estava farto de ser obrigado a viver no meio de humanos, a mente deles tentando me enganar com suas regras.

Eles não entendiam. Não entendiam o que significava ser um lobo. Não entendiam o que era ser o Alfa.

Eles eram frágeis, limitados.

Ao tomar um banho, me vesti como de costume e sai até a sala para esperar a tal loba.

E então, como se o destino estivesse brincando comigo, a porta se abriu. A mãe da garota estava com ela. E o que vi em seguida, ao olhar para a entrante, foi algo que não esperava.

Ísis.

A loba que estava prometida a mim, a fêmea que todos esperavam que fosse minha companheira.

Aquelas fotos que me enviaram não me prepararam para o que vi. Não que fosse algo ótimo. Ela era apenas mais uma fêmea com um sorriso forçado, tentando se mostrar digna de estar ao meu lado.

Mas havia algo nela. Algo que me deixou extremamente desinteressado. Não era nada de extraordinário. Ela se aproximou, e me cumprimentou, mas a energia que emanava dela estava apenas focada em mostrar que era o que eu precisava. Nada mais.

Minha paciência estava cheia, mas, algo aconteceu.

Minha atenção foi capturada por outra figura.

Uma garota atrás delas, segurava três malas sozinha. Seus olhos azuis eram distantes, seu rosto cansado, mas ela carregava uma beleza extraordinária.

O cheiro dela...

Seu maldito aroma me deixou inebriado, eu precisava ter aquela loba na minha cama.

Quem era ela?

O que era isso?

Ela não tinha a elegância de Ísis,e seus trapos demonstravam isso. Mas havia algo em sua presença. Eu não sabia o que era, mas era forte. Intenso. Como se ela fosse algo mais... selvagem do que as outras fêmeas.

Eu me senti desconcertado, surpreso. Por um momento, pensei que era uma ilusão. Mas ela estava ali, diante de mim, silenciosa, sem se exibir, mas com algo mais, algo que mexia com a minha essência. Algo que eu não queria sentir.

Eu sabia o que precisava fazer.

Meu lobo queria atacar, e eu tive que me segurar.

Mas, porra, como ela me fez sentir algo que eu não sentia há muito tempo? Algo que não cabia no meu mundo.

Eu respirei fundo, tentando controlar a raiva e a atração que começava a me consumir.

—Eu quero ela. — minha voz saiu acertiva.

— Supremo... — Luke tentou me alertar.

Por que diabos eu estava tão atraido por uma humana? Era nítido, aquela garota não tinha lobo.

O beta me seguiu entre os corredores como se eu tivesse cometido um crime.

— Senhor receio de que aquela não seja a fêmea certa, ela parece uma… —suspirou. — Escrava.

— A outra não é interessante, se eu preciso dar um herdeiro a matilha, que pelo menos seja com uma loba que eu quero foder. —

— Como quiser supremo. E o que eu faço com a loba que estava preparada? Está furiosa.

— Estou pouco me importando Luke. Apenas o meu desejo importa.

Observei a janela. A verdade é que eu estava obcecado pela beleza dela. Havia algo naquela fêmea que me chamava a atenção profundamente, e eu iria descobrir.

Queria que ela fosse a minha presa, e eu, o caçador. E em uma caçada, eu nunca desisti do prêmio final.

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