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A ESCOLHIDA DO LOBO
A ESCOLHIDA DO LOBO
Por: Ellencarolinne
01. De cara com o supremo

Maya Stone

— ACORDA SUA INÚTIL. — senti meu corpo ser chacoalhado totalmente.

A dor me despertou, como normalmente fazia todos os dias. Soltei um gemido, pois cada movimento era como se rasgasse meu corpo.

— Eu…— sussurrei ainda confusa. — Já estava levantando. —

— Hoje é um grande dia para a minha filha. As roupas precisam estar impecáveis, e tudo pronto até a hora de viajarmos. —

— Eu sei, tia . — suspirei. —

— Tia não." ela me deu uma bofetada." Para você é senhora. Por isso você foi rejeitada pelo seu companheiro, não sabe entender as coisas. —

Um estalo seco zoou no meu ouvido após ela fechar a porta com força.

Eu coloquei a mão no rosto sentindo o mesmo arder.

VOCÊ NÃO SERVE PARA NADA.

Essa era a frase que ecoava em minha mente dia após dia.

Eu não tinha ninguém.

Desde que meu pai foi morto por inimigos, fui criada pela sua irmã, Selene… Mais conhecida como o próprio demônio.

Ela tomou tudo para si, as terras, o dinheiro, a casa. E eu era somente uma criança, não pude fazer nada.

Hoje tenho vinte e um anos, e por longos dezesseis anos fui transformada numa escrava que nem conseguia se transformar. Uma humana… Como me chamavam.

Eu cresci sem lobo. E talvez por isso, Caio, meu companheiro predestinado, havia me rejeitado em frente a matilha inteira.

Eu me sentia um lixo, o pior dos lixos.

As palavras dele ecoaram em minha mente novamente.

Eu o amava, e ele simplesmente me usou.

"Eu te rejeito Maya Stone. Jamais me uniria a uma escrava que nem consegue se transformar"

Engoli o seco e me levantei com cuidado. Eu precisava alinhar as roupas de Ísis.

Observei a janela. A cidade de Vancouver estava mais fria do que o normal.

Vivíamos como se fossemos pessoas normais no meio dos humanos. Mas eu poderia ser considerada como eles, afinal, de que servia uma loba que não era loba?

Eu era amaldiçoada em todos os sentidos.

Sai do quarto, e me deparei com o grande espelho na entrada da sala.

Encarei meus olhos azuis cansados, cabelos castanhos longos, não aparados há muito tempo, e a expressão de alguém sofrida.

A verdade é que a Deusa da lua estava pouco se fodendo para mim há muito tempo.

Seguro a bacia cheia de roupas para serem passadas, até que ouço o grito de Ísis.

Inferno.

Mesmo quando parece que a tempestade acabou, vem uma mais forte ainda.

Passo para o corredor, sentindo meu peito martelar de raiva. Estava farta de ser a empregada dessas duas bruxas. Eu queria ser feliz, queria ser livre, eu queria um amor que satisfizesse a minha alma.

Mas sabia, tudo isso era um sonho, bem distante.

Abro a porta com cuidado, e vejo a minha prima sentada na cadeira. Mantenho os olhos baixos, e adentro o quarto.

— Ajeite meus cabelos. Preciso estar perfeita para conhecer o meu futuro companheiro. — ela se vangloria.

— Sua mãe pediu que eu passasse as roupas.

— E estou mandando você pentear meus cabelos loba. Serei a futura companheira do Alfa, é melhor começar a obedecer, sua indigente.

Respirei fundo, tentando me conter, quando a vontade era de acabar com tudo a minha frente.

Ela me entrega a escova e eu com cuidado começo a escovar seus cabelos negros.

Com um deslize, a escova cai das minhas mãos puxando um pouco dos seus fios.

— Sua idiota!! — ela exclamou. — Vá cuidar das roupas, viajamos daqui a pouco. —

Ísis seria apresentada ao seu futuro companheiro: O Alfa supremo James Grant.

As histórias que falavam sobre ele eram cruéis.

Mas tudo que se sabia, era que ele era o mais poderoso entre todos os Alfas.

Terminei de fazer as coisas e me vesti. Eu não queria ir nessa droga de viagem, mas a vadia da minha tia precisaria de uma empregada, lógico.

Tive de carregar as malas porque elas não mexiam nenhuma palha.

Selene me encarou antes de entrar no carro.

— Espero que se comporte, e não faça o Alfa achar que temos uma desgarrada em nossa casa. Só abra a boca se eu mandar. Para todos os efeitos você é nossa criada.—

A viagem foi longa, e eu gostava, pelo menos assim, eu poderia apreciar as paisagens.

O silêncio no carro se arrastava, pesado como sempre.

Selene não tirava os olhos da estrada, enquanto Ísis se olhava no espelho, ajustando a maquiagem, com um sorriso de satisfação.

Quando chegamos, a mansão de James Grant era ainda mais imponente de perto. O edifício parecia engolir toda a área verde ao redor.

Ele era um CEO importante no Canadá, e ninguém sabia do seu segredinho.

Um dos lobos sorriu se oferecendo para carregar as bagagens, mas Selene o impediu.

— A empregada carrega. — ela me encarou. —

A porta se abriu, e lá estava ele.

O Alfa Supremo. O rei Alfa de todas as matilhas da região.

Seus cabelos eram lisos e negros, seus olhos azuis como o céu, seu físico... como se tivesse sido esculpido pelos próprios deuses.

Selene foi a primeira a se adiantou, sorrindo com malícia.

— Meu Alfa, é um grande prazer estar aqui com você finalmente. —

Ela sorriu para Ísis, que se aproximou com ar arrogante e um sorriso quase mágico.

— Ísis foi treinada desde pequena. Ela é inteligente, dedicada, não falha em nada. —

James não esboçou uma reação. Ele não se moveu, e nem ao menos olhou diretamente para Ísis, mas sim para mim. Seus olhos, frios e calculistas, nunca deixaram de me observar, como se me estudasse.

Ele apenas deu um passo à frente, seus olhos ainda fixos em mim.

Eu me curvei, mas minhas pernas tremiam e eu sentia que iria cair ali mesmo.

— Qual é o seu nome, garota? — A voz dele foi rápida, firme, e não houve sinal de gentileza.

A pressão aumentou. Eu senti meu coração bater forte demais, quase saindo pela boca. Não sabia o que dizer. Eu era nada aqui. Nada além de uma peça descartável.

Minha tia, com uma malícia disfarçada, abriu a boca antes que eu pudesse dizer uma palavra.

— Ela apenas realiza as tarefas, meu Alfa. Não perca tempo com ela. —

A dor, a humilhação… tudo me consumia por dentro.

Eu queria desviar o olhar, mas não conseguia. Ele me forçava a olhar.

—QUAL SEU NOME? — Ele repetiu agora me segurando pelo braço.

Eu não falei nada. O medo me paralisava.

— Olhe para mim. — Ele ordenou, e sua voz fez meu estômago dar um nó.

Sem poder mais ignorar o comando, eu levantei os olhos. Seus olhos, tão profundos, tão penetrantes, me encaravam como se ele estivesse lendo minha alma.

Finalmente, ele falou, sua voz ainda calma, mas decisiva:

— Eu quero ela.

O impacto dessas palavras me destruiu por dentro. A sensação de ser escolhida pelo mais cruel de todos os lobisomens.

O que ele poderia querer comigo?

Eu era nada. Nada além de uma serviçal. Uma rejeitada.

E o comando do Alfa mais cruel das redondezas poderia mudar TUDO.

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