capitulo 3 - Aceito!

Alexandre voltou sua atenção para a empregada, que continuou:

— Ela tem 20 anos, é uma moça trabalhadora e muito honesta.

— Qual a formação profissional dela? Tem algum curso? Faculdade?

— Ela terminou um curso de enfermagem, mas ainda não ingressou na faculdade. Trabalha para complementar a renda familiar.

— Entendo. E como é o seu relacionamento com ela? Há algum tipo de problema?

— Não, senhor Alexandre. Não há nenhum problema. Ela é uma excelente vizinha, sempre disposta a ajudar. É organizada e responsável.

— Não sou de aceitar indicações de pessoas que não sejam qualificadas para este cargo, mas estou disposto a conhecê-la. Espero-a amanhã às 9h, pode ser? Se ela se mostrar competente e apresentar as referências necessárias, podemos prosseguir.

A empregada sorriu aliviada.

— Sim, senhor Alexandre. Ela estará aqui amanhã às nove horas em ponto. Já a avisei e ela está muito ansiosa pela oportunidade.

— Ótimo. Peça a ela que traga seu currículo e as referências. Não me importo com a falta de experiência em serviços domésticos, desde que ela demonstre capacidade e responsabilidade. Afinal, enfermagem exige responsabilidade e atenção aos detalhes, o que é fundamental para qualquer trabalho. E isso que minha filha necessita, de uma profissional atenta aos detalhes e carinhosa.

— Sim, senhor. Vou avisá-la imediatamente. Muito obrigada pela oportunidade, senhor.

— De nada. Até amanhã, então.

A empregada se despediu e saiu, deixando Alexandre a pensar na situação. Ele não era de contratar pessoas por indicação, mas havia algo na insistência da empregada, na sua descrição da vizinha como uma pessoa honesta e trabalhadora, que o havia despertado a curiosidade. Ele esperava que a jovem correspondesse às expectativas, pois precisava de alguém de confiança para cuidar de sua filha enquanto ele estava trabalhando.

NA CASA DE LIA...

— Lia!!! Você não sabe! — Ana adentra desesperada na minha casa — Seu pai fez de novo! Meu primo, que trabalha para o Durval, disse que aquele homem ofereceu uma grande quantia a seu pai, e ele aceitou. Pegou o dinheiro e perdeu tudo jogando!

— Não pode ser! - Lia encarou Ana, o choro a sufocando.

"— O Durval te espera na boate. Ele mandou o Jonny avisar."

Lia enxugou as lágrimas, a decisão tomada em seu olhar. Não havia outra saída. A imagem do pai desesperado, ecoava em sua mente. Durval era um homem perigoso, sim, mas ele também era a única solução que ela via naquele momento. Aceitar o emprego na boate era um risco, um risco enorme, mas era um risco que ela estava disposta a correr para salvar seu pai. Seria humilhante, degradante, mas nada se comparava à dor de ver seu pai sofrendo nas mãos de um agiota implacável. Ela respirou fundo, um nó na garganta, e disse a Ana:

— Eu vou aceitar. Vou ser a dançarina da boate.

Ana a olhou, incrédula. O medo e a preocupação se misturavam em seu olhar.

— Lia, você tem certeza? Isso é muito perigoso! Tem outras opções...

— Não há outras opções, Ana. Essa é a única maneira de pagar a dívida do meu pai e mantê-lo a salvo. Eu preciso fazer isso.

Lia abraçou Ana com força, buscando o apoio da amiga em meio àquela decisão difícil e arriscada. Ela sabia que o caminho seria longo e repleto de perigos, mas estava disposta a enfrentá-lo, mesmo que isso significasse se tornar a dançarina de uma boate, vendendo seu corpo para pagar as dívidas de seu pai. A sobrevivência da família dependia disso. E ela faria o que fosse preciso.

CHEGANDO A NOITE...

Lia respirou fundo várias vezes, tentando controlar a tremedeira em suas mãos. O vestido que usava, embora simples, era o mais elegante que possuía. Ela havia se arrumado o melhor que pôde, tentando ao menos projetar uma imagem de força e autoconfiança que não sentia por dentro. O ar na boate era denso, carregado de fumaça e perfume barato. Música alta e ritmada vibrava no ambiente, um contraste gritante com a apreensão que Lia sentia. Ela se aproximou do palco, procurando por Durval. Ele estava sentado em uma mesa próxima, cercado por homens de aparência ameaçadora. Seu olhar fixou-se nela, um sorriso frio e calculista nos lábios. Lia caminhou até ele, sentindo o peso dos olhares sobre si. Ao chegar perto da mesa, ela parou, respirando fundo mais uma vez antes de falar, sua voz firme apesar do tremor interno:

— Senhor Durval, estou aqui.

Durval gesticulou para que ela se sentasse, o sorriso não deixando seu rosto. Um de seus capangas puxou uma cadeira para ela. Lia sentou-se, mantendo o contato visual com Durval, tentando não demonstrar o medo que a consumia.

— Chegou finalmente - disse Durval, sua voz rouca e grave. Eu já ouvi falar de você, Lia. Uma técnica em enfermagem,trabalhadora, dedicada à família... uma moça de bom caráter, dizem.-Ele deu uma pausa, observando-a com atenção. Mas o caráter, às vezes, não é suficiente quando se está endividado.

Lia manteve a postura, sua voz firme, mas com um leve tremor.

— Eu sei, senhor. Meu pai... ele cometeu um erro, e agora precisa pagar.

"— Sim, ele precisa. E você está aqui para pagar ." Durval deu um gole em sua bebida, os olhos fixos em Lia. — Eu te ofereço uma posição aqui na boate. Uma dançarina. O pagamento será suficiente para saldar a dívida de seu pai, e ainda lhe dará um bom dinheiro extra. Em alguns Anos você estará livre de divida

Um silêncio pairou no ar. Lia sabia que estava em uma situação difícil. Durval não estava oferecendo uma escolha. Ele estava impondo uma solução. Sua garganta estava seca, mas ela conseguiu dizer:

Lia engoliu em seco, a voz ainda um pouco trêmula, mas determinada.

— Senhor Durval, eu aceito a sua proposta. Mas... qual o valor exato da dívida do meu pai? E quando eu posso começar a trabalhar?

Durval sorriu, um sorriso que não chegava aos seus olhos. Ele deixou a bebida de lado e se inclinou sobre a mesa, aproximando-se de Lia. A proximidade dele era desconfortavel.

— A dívida do seu pai... bem, ela é considerável. Vamos dizer que são 500 mil reais. Mas não se preocupe com os detalhes, querida. Você trabalhará aqui, e o valor será descontado do seu salário. Quanto a quando você poderá começar... esta noite mesmo, se quiser. Temos uma apresentação daqui a pouco, e uma dançarina desfalcou a equipe.

Ele gesticulou para um homem corpulento que estava ao seu lado.

— João vai te mostrar o camarim, te explicar tudo o que você precisa saber. E não se preocupe, querida. Você vai se sair bem. Temos os melhores instrutores. Eles vão te ensinar tudo o que precisa para se tornar uma dançarina de sucesso. - O sorriso de Durval era agora claramente ameaçador, e seus olhos brilhavam com uma frieza que gelou Lia por dentro. Ela sabia que estava em uma situação muito pior do que imaginava, mas não tinha para onde correr. Ela tinha apenas uma escolha: sobreviver. E lutar para se libertar dessa armadilha o mais rápido possível. Ela assentiu, com a cabeça baixa, e deixou que João a conduzisse para o camarim, o peso da dívida e o medo do futuro pairando sobre ela como uma névoa opressiva.

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