LIA (Lua)
O dia foi uma tortura de falsidade. Eu havia me mudado para a luxuosa suíte no segundo andar, sorrindo e agradecendo a Maria, enquanto mentalmente mapeava cada centímetro da casa. A suíte era grande, mas a sensação de confinamento era sufocante.
Às 21:00, depois de contar a Lorena uma história inédita sobre uma princesa que morava em um farol, eu voltei para meu quarto. Alexandre estava em sua biblioteca, trabalhando. A casa estava mergulhada no silêncio pesado da riqueza.
Eu tinha duas horas. Durval me queria no Lux às 22:30.
O primeiro passo era a preparação. Tranquei a porta da suíte (apesar de saber que Alexandre tinha acesso a todas as chaves mestras). Vesti a lingerie preta e, por cima, a roupa de dança que eu usaria sob o vestido de noite. Enrolei o vestido vermelho de gala, a peruca ruiva e a maquiagem em uma bolsa esportiva escura — a única coisa que não chamaria a atenção na lavanderia.
O maior desafio era a vigilância interna.
21:45.
Eu deslizei para fora da suíte