LIA (Lua)
O dia seguinte ao jantar de gala foi a ressaca mais dolorosa que já tive. Não de álcool, mas de adrenalina e pavor. O uniforme de babá parecia agora um disfarce ainda mais ridículo.
No meu minúsculo quartinho de funcionária, eu desfazia a mala que havia levado para a "noite corporativa" de Durval.
O telefone tocou. Era Durval.
— Você fez um bom trabalho com Marcelo. Ele me ligou, está eufórico. O Lux vai ganhar um excelente investidor. — Sua voz era de vitória. — E você, minha Lua particular, vai ganhar seu bônus.
— Que bom, senhor. Mas não me ligue aqui.
— Você será minha ponte. Quero que marque um almoço com ele amanhã. O Marcelo tem que ficar encantado. Use sua criatividade, use seu corpo.
Eu desliguei a chamada sem responder, o nojo me subindo à garganta.
Minutos depois, a voz fria e polida de Alexandre ecoou no interfone: — Lia, venha até meu escritório.
Entrei no escritório, Alexandre estava de costas para mim, olhando a vista da cidade. Sua postura era de poder abso