LIA
O pânico de Lídia era contagiante, mas eu me forcei a ignorá-lo. O cheiro de sangue e a mancha escura no mármore transformaram a sala de estar da Mansão Bittencourt em uma emergência de hospital.
— Lídia, você está de oito meses. Mantenha a calma. — Minha voz estava fria e profissional, o tom de enfermeira que eu usava com meu pai. — Onde está o seu celular?
Lídia estava no chão, ofegante. — Na... na mesa.
Eu peguei o telefone e liguei para a emergência, dando o endereço da mansão e a situação (trabalho de parto prematuro, contrações fortes). Depois, liguei para Alexandre. A caixa postal atendeu. Desligado. Eu liguei para Lavínia. Ela atendeu imediatamente.
— Lavínia! Lídia está em trabalho de parto prematuro! A bolsa rompeu e há sangue. Chame uma ambulância para cá, e ligue para Alexandre em todos os telefones de emergência. Eu vou fazer o parto aqui.
— Você?! — Lavínia gritou.
— Não há tempo. Estou sozinha.
Eu desliguei. Corri para a cozinha, dei instruções rápidas à cozinheira