LIA
O sol nascia sobre a cidade, tingindo o céu de um cinza pálido. Eu estava sentada em um banco gelado no parque onde Alexandre havia me abandonado, abraçando o casaco dele como um escudo patético. Eu tinha as notas amassadas em meu bolso, o dinheiro sujo de meu último pagamento. Eu estava desempregada, humilhada e, o pior de tudo, meu pai era o refém de Lídia.
Eu tinha que fugir, mas para onde? Lídia controlava o hospital. Se eu sumisse, ela cumpriria a ameaça. Se eu ficasse, ela me destruiria.
Um carro de luxo parou na rua lateral. Não era o carro de Alexandre, mas eu reconheci o modelo. Ele estava me procurando para me humilhar mais uma vez?
A porta se abriu, e uma mulher alta e elegante saiu. Lavínia. A irmã mais nova de Alexandre.
Ela caminhou até mim, parando a poucos metros. Seus olhos esquadrinhavam o casaco amassado e o meu rosto, ainda inchado de choro e com a maquiagem borrada.
— Você é a Lia, não é? A babá.
Eu não respondi. Apenas abaixei a cabeça.
— O meu irmão