NARRADORA
A lua de mel durou dois dias.
Dois dias de praia particular e ostras, onde Alexandre me tratou com a polidez gélida de um sócio de negócios. Ele mal me tocou. A desculpa: "Lorena não está bem. Não posso deixar o bebê doente." Lídia sabia que a doença de Lorena era o álibi perfeito para a frieza de Alexandre, e a frustração fervia em seu sangue. O casamento havia sido assinado, o dever cumprido, mas a vitória parecia oca.
Voltamos à mansão no início da tarde, e Alexandre correu direto para o quarto de Lorena.
Lídia subiu as escadas, mas não foi para a suíte principal. Seu corpo estava pesado pela gestação e pela raiva, mas sua mente estava afiada. Ela não precisava de banho, nem de comida; precisava de uma caçada.
Aquele olhar. O olhar que Alexandre havia dado à porta de serviço durante a recepção do casamento, o olhar carregado de confissão. Lídia não vira Lia, mas a intensidade daquele olhar havia garantido a ela que a intrusa estava por perto.
Lídia se dirigiu