A base oficial não dormia.
 Nos corredores frios, passos ecoavam como um relógio nervoso. Soldados conversavam em sussurros, rostos sérios, semblantes desconfiados. A ausência do Capitão Andrade já não podia ser encoberta com desculpas esfarrapadas.
 Na sala de comando, o Tenente-General Torres encarava o vidro opaco com os braços cruzados, mas o peito em chamas. Do outro lado, a tropa seguia a rotina... inquieta. O silêncio entre eles era mais perigoso que qualquer levante.
 — Senhor — chamou o tenente encarregado da comunicação — os homens do pelotão Delta continuam perguntando pelo Capitão Andrade.
 Torres não se virou.
 — Diga que ele está em missão sigilosa, sem prazo de retorno.
 — Mas, senhor... o senhor já disse isso na semana passada. E na anterior também.
 O silêncio pesou. O subordinado baixou os olhos, mas não recuou.
 Torres então se virou devagar. Não gritou. Não explodiu. Mas sua expressão endurecida deixava claro: a paciência estava no limite.
 O soldado engoliu seco,