O sol mal tinha tocado os telhados do morro quando Corvo apareceu na entrada da ONG. O segurança da vez, já acostumado a vê-lo sempre ao lado de Isis ou Theo, nem pestanejou. Abriu o portão com um aceno curto de cabeça — aquele gesto de quem reconhece importância sem precisar de palavras.
A ONG ainda respirava silêncio. Algumas crianças já corriam pelo pátio, rindo baixinho, mas os projetos só começariam dali a pouco. Neumitcha, como sempre, estava na sala de leitura. Aquele canto era seu ritual matinal. Revisava os livros infantis, arrumava os pufes, organizava os cantinhos como quem cuida de um templo. Depois, sentava para tomar seu café com leite — quente, doce, em paz, antes da correria do dia.
Vestia uma saia longa de fundo escuro, com flores vivas espalhadas como fogos de artifício. A blusa preta, justa, desenhava sua silhueta com firmeza e elegância. Brincos dourados pendiam das orelhas, dançando com cada gesto seu. De costas, ajeitava livros quando ouviu a porta ranger devag