Julia acordou e viu que estava desamarrada, os pulsos doloridos e marcados pela corda que Matthew havia apertado com tanta força. Sentou-se na cama e olhou ao redor. Estava sozinha no quarto. Levantou-se e foi até o espelho. Os olhos carregavam olheiras, a feição estava cansada, o pescoço trazia marcas leves. Voltou a encarar o pulso. Queria chorar, mas não havia mais lágrimas para derramar.
— Não tem nada que eu possa fazer — murmurou, abatida.
O vazio tomou conta. Pérola estava morta. Sua família, distante. Talvez nunca mais os visse. Talvez fosse melhor para a segurança de todos. Nunca mais abraçaria a mãe, Heitor, Zoe. Nunca mais sentiria o amor de Otto. As lágrimas voltaram a escorrer, silenciosas.
Entrou no banheiro, encheu a banheira e mergulhou. Sentia-se suja. A lembrança de Matthew a tocando enchia seu corpo de nojo. Esfregava-se com força, como se quisesse arrancar a própria pele.
Quando a água já estava fria, saiu, a pele avermelhada pela insistência. Enxugou-se, vestiu-se