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2. Primeiras Impressões e Primeiros Conflitos

— Theo, cuidado! — Laura correu instintivamente para aparar o pequeno garoto de três anos, que quase derrubou um vaso enquanto brincava.

Sofia, sentada no tapete da sala com uma boneca em mãos, riu alto.

— Ele é desajeitado assim o tempo todo.

Laura sorriu, pegando Theo no colo. Ele retribuiu com um olhar tímido, mas ela percebeu que ele já começava a relaxar na sua presença. Era seu segundo dia na mansão, e ela já estava se acostumando às personalidades contrastantes das crianças.

Lucas entrou na sala naquele momento, interrompendo a calmaria. Ele parecia cansado, o terno ligeiramente desarrumado, mas seus olhos imediatamente se suavizaram ao ver os filhos.

— Como eles se comportaram hoje? — perguntou, enquanto tirava o relógio de pulso.

— Muito bem. Sofia é uma ajudante nata e Theo... bem, ele é um explorador — respondeu Laura com um sorriso.

Lucas riu, um som raro e baixo.

— Isso soa como ele.

Antes que Laura pudesse responder, passos ecoaram pelo corredor. Vanessa apareceu na porta, impecável como sempre, mas com um ar de desagrado que parecia permanente.

— Lucas, precisamos conversar. — Ela mal olhou para Laura ou para as crianças.

Ele franziu a testa, mas seguiu Vanessa para o escritório. Laura percebeu o olhar breve e avaliador que Vanessa lançou em sua direção antes de desaparecer pelo corredor.

Mais tarde naquela noite...

Após colocar as crianças para dormir, Laura desceu para a cozinha. Maria estava lá, lavando a louça.

— Dia cheio? — perguntou Maria, sem desviar os olhos do prato que enxaguava.

— Sim, mas acho que está indo bem — respondeu Laura, pegando um copo de água.

Maria olhou por cima do ombro, como se estivesse prestes a dizer algo importante.

— Cuidado com Vanessa. Ela não gosta de intrusos no que ela considera ser dela.

Laura franziu a testa.

— Você acha que ela me vê como uma ameaça?

Maria suspirou, enxugando as mãos.

— Não é questão de achar. Vanessa gosta de controlar. Qualquer um que se aproxime de Lucas ou das crianças é automaticamente um problema para ela.

Antes que Laura pudesse responder, passos se aproximaram pelo corredor. Maria rapidamente voltou ao trabalho, e Vanessa entrou na cozinha.

— Ainda acordada? — perguntou Vanessa, com um sorriso frio.

— Sim, estava apenas pegando um copo d'água.

Vanessa caminhou até Laura, inclinando-se um pouco para diminuir a distância.

— Deixe-me ser clara, Laura. Você trabalha aqui para cuidar das crianças, só isso. Não se meta onde não é chamada.

Laura engoliu em seco, mas não se deixou intimidar.

— Estou aqui apenas para fazer meu trabalho, Dona Vanessa. Nada mais.

Vanessa arqueou uma sobrancelha, claramente irritada com a resposta firme.

— Ótimo. Porque se você se desviar do seu caminho, vai descobrir que eu não sou uma pessoa que você quer como inimiga.

Laura ficou parada enquanto Vanessa saía da cozinha, sentindo uma onda de indignação crescer. Essa mulher estava claramente tentando estabelecer domínio, mas Laura não era o tipo de pessoa que aceitava ameaças.

No dia seguinte...

A manhã começou tranquila. Laura estava no jardim com as crianças, ajudando Sofia a organizar um piquenique improvisado, quando Lucas apareceu. Ele estava sem gravata, um visual mais descontraído que combinava com o dia ensolarado.

— Bom dia — disse ele, observando a cena com um leve sorriso.

— Bom dia — respondeu Laura. — Estamos tentando organizar um piquenique.

Shofia pulou animadamente.

— Papai, você vai participar?

Lucas hesitou, mas o olhar esperançoso da filha o convenceu.

— Claro. Vou pegar algo na cozinha para ajudar.

Enquanto ele se afastava, Sofia virou-se para Laura.

— Papai nunca tem tempo para brincar. Acho que ele gosta de você.

Laura sorriu, mas sentiu o peso das palavras da menina.

— Tenho certeza de que ele tenta o melhor que pode, Sofia.

Minutos depois...

— Laura! — gritou Vanessa, chamando-a da entrada lateral da casa.

Laura correu até onde Vanessa estava.

— Sim, senhora?

— A calha do quintal está entupida. Pode limpar isso antes que a água transborde e estrague o jardim? Maria está ocupada, e você está por aqui mesmo.

Surpresa com o pedido — que nitidamente não era parte de sua função —, Laura hesitou, mas acabou assentindo.

— Claro.

Ela pegou um balde, luvas e uma escada. A tarefa era desagradável e exigia cuidado. Enquanto retirava folhas e lama da calha, um pequeno caco de vidro que estava preso na sujeira cortou um de seus dedos.

— Ai! — exclamou, segurando o dedo machucado.

Poucos minutos depois, Lucas apareceu no jardim com o prato de frutas nas mãos e a encontrou descendo da escada, visivelmente machucada.

— O que aconteceu?

— Só um pequeno corte. A calha estava entupida e... havia vidro.

— Isso não é trabalho seu — disse ele, preocupado. — Deixe-me ver.

Lucas segurou a mão de Laura com cuidado, examinando o ferimento. Com um lenço limpo do bolso, pressionou levemente o corte.

— Vamos limpar isso direito.

Vanessa observava tudo da varanda, os olhos estreitados. Quando Lucas voltou com Laura para dentro da casa, ela o seguiu, os saltos batendo com força no chão.

— Tudo isso por um corte? — disse, em tom sarcástico. — Vai dar pontos também?

— Ela não deveria ter sido mandada para fazer aquilo — rebateu Lucas, seco.

Vanessa deu um sorriso forçado.

— Só achei que ela estava entediada demais, brincando de piquenique.

Lucas ignorou, conduzindo Laura até a cozinha para cuidar do ferimento.

Mais tarde...

Enquanto Laura colocava Theo para dormir, ouviu vozes exaltadas no andar de baixo. Curiosa, ela desceu silenciosamente e viu Lucas e Vanessa no escritório. A porta estava entreaberta, permitindo que Laura ouvisse parte da discussão.

— Ela é só uma babá, Lucas! Por que está tão preocupado com o que ela pensa ou faz? — Vanessa estava claramente irritada.

— Porque ela está cuidando dos meus filhos, algo que você nunca parece disposta a fazer! — rebateu Lucas, com a voz cheia de frustração.

— Eu não sou babá, Lucas! Você sabia disso quando começamos a namorar.

Laura prendeu a respiração, sentindo-se desconfortável por estar ouvindo aquilo, mas incapaz de se mover.

Vanessa saiu abruptamente do escritório, quase trombando com Laura no corredor.

— Estava espionando outra vez? — perguntou ela, com uma expressão de raiva.

— Não... eu só estava descendo para...

— Poupe-me das desculpas. Você está se metendo onde não foi chamada.

Antes que Laura pudesse responder, Lucas apareceu na porta.

— Vanessa, acho que você já disse o suficiente.

Vanessa lançou um olhar mortal para Laura antes de sair, batendo a porta atrás de si.

Lucas suspirou, passando a mão pelos cabelos.

— Desculpe por isso. Vanessa... é complicada.

Laura hesitou, mas decidiu não dizer nada. A tensão na casa estava aumentando, e ela tinha a sensação de que aquilo era apenas o começo.

Mais tarde naquela noite...

Já era tarde quando Laura terminou de revisar o quarto das crianças. Ao sair, percebeu que uma das luzes do escritório ainda estava acesa. Curiosa, foi até lá e encontrou uma carta sobre a mesa. A carta parecia ter sido escrita pela falecida esposa de Lucas.

Antes que pudesse ler, ouviu passos atrás de si.

— O que está fazendo aqui?

Ela se virou e encontrou Lucas na porta, com uma expressão que misturava surpresa e algo mais que ela não conseguiu identificar. A tensão no ar era palpável.

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