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A Babá
A Babá
Por: A sonhadora
1. O Início de Tudo

O som do motor do ônibus soava como um zumbido interminável enquanto Laura olhava pela janela, apertando a alça de sua bolsa surrada. Seus pensamentos dançavam entre o nervosismo e a esperança.

Era a última chance.

O aluguel estava atrasado, os remédios da mãe, cada vez mais caros. Se não conseguisse esse emprego, talvez não houvesse como pagar o tratamento de Dona Ester por mais uma semana.

A cidade passava em flashes ao seu lado: prédios altos, ruas movimentadas e, finalmente, as áreas mais calmas e arborizadas. Quando o ônibus parou, ela desceu rapidamente, ajeitando o cabelo preso de maneira prática. A mansão era ainda mais imponente do que parecia na foto do anúncio. Portões altos de ferro e um jardim perfeitamente aparado anunciavam o status da família para quem ela esperava trabalhar.

"É agora ou nunca", murmurou para si mesma, endireitando a postura antes de tocar a campainha.

A porta foi aberta por uma mulher de uniforme, de meia-idade, que parecia estar na casa há mais tempo do que qualquer móvel.

— Você é a Laura?

— Sim, sou eu — respondeu, com um sorriso tímido.

— Entre. O Sr. Lucas está esperando na sala.

O coração de Laura acelerou enquanto seguia a empregada por um corredor impecavelmente decorado. Quando entrou na sala, viu um homem alto, de traços marcantes e olhos intensos. Ele estava sentado em uma poltrona de couro, mas se levantou ao vê-la.

— Laura? — Sua voz era grave e educada.

— Sim, prazer em conhecê-lo, Sr. Lucas.

Ele estendeu a mão para cumprimentá-la, e Laura sentiu o calor e a firmeza de seu aperto de mão. Sentando-se no sofá, ela percebeu que ele a analisava com discrição, talvez tentando medir sua confiança ou sinceridade.

— Fiquei impressionado com sua carta de recomendação. Mas, como mencionei no telefone, cuidar de Sofia e Theo é um trabalho que exige muita dedicação. Eles ainda estão processando a perda da mãe.

Laura assentiu, lembrando-se do motivo pelo qual tinha sido tão cuidadosa ao redigir sua candidatura.

— Entendo, Sr. Lucas. Estou disposta a me dedicar inteiramente. Tenho experiência com crianças e... sei o que é passar por tempos difíceis. Minha mãe está muito doente, e esse emprego é nossa única esperança.

Lucas pareceu hesitar por um momento, mas então seus olhos a percorreram com mais atenção. Seus traços suavizaram levemente.

— Sabe... você se parece muito com minha esposa. A maneira como fala, até seu jeito com as mãos. Quando vi sua foto no currículo, quase não acreditei.

Laura engoliu em seco. Aquilo a pegara de surpresa.

Antes que pudesse responder, uma pequena figura entrou correndo na sala. Era Shofia, a menina de cinco anos. Seus cachos dourados balançavam enquanto ela se aproximava de Laura com curiosidade.

— Você é a nova babá? — perguntou Sofia diretamente, sem cerimônia.

Laura sorriu, inclinando-se para ficar na altura da menina.

— Talvez. O que você acha?

Sofia a analisou com olhos grandes e curiosos antes de dar de ombros.

— Você parece legal.

— Bem, acho que temos a aprovação de Sofia — disse Lucas, com um raro sorriso.

Mais tarde naquele dia...

Laura deixou a mansão sentindo que tinha feito sua melhor apresentação. Quando o telefone tocou, horas depois, ela quase derrubou a tigela de sopa que segurava.

— Laura? É o Sr. Lucas. Gostaríamos que você começasse amanhã.

Ela mal conseguiu conter a alegria, desligando e olhando para sua mãe, que descansava no sofá.

— Consegui, mãe! Vou começar amanhã.

— Que bom, filha. Fico muito feliz por você.

— Fique feliz por nós; de hoje em diante, tenho certeza de que tudo dará certo.

No dia seguinte, Laura chegou pontualmente, trajando sua melhor roupa simples, mas limpa. As crianças pareciam animadas, especialmente Sofia, que já começava a fazer perguntas sem parar. Theo, mais tímido, a observava de longe.

Enquanto Laura ajustava a rotina, conheceu Maria, a empregada, que a ajudou a entender as peculiaridades da casa. Mas foi no final do dia que ela teve sua primeira interação com Vanessa.

A mulher entrou na sala com passos decididos, segurando uma bolsa de grife e um olhar avaliador. Ela era deslumbrante, mas havia algo no tom de sua voz que fazia Laura se sentir como um objeto sendo pesado.

— Então, você é a nova babá? — Perguntou Vanessa, com um sorriso que não chegou aos olhos.

— Sim, sou Laura. É um prazer.

Vanessa não respondeu, apenas deu uma olhada rápida nas crianças antes de voltar sua atenção para Lucas.

— Podemos conversar em particular? — Ela pediu, ignorando completamente Laura.

Lucas hesitou, olhando para Laura, mas acabou seguindo Vanessa para o escritório. Enquanto as portas se fechavam, Laura sentiu o primeiro frio na espinha. Algo naquela mulher dizia que os dias tranquilos que imaginou estavam longe de acontecer.

Já era noite quando Laura terminou de organizar o quarto das crianças. Enquanto dobrava algumas roupas, ouviu um som estranho vindo do andar de baixo. Curiosa, desceu devagar, percebendo que a voz de Vanessa ecoava no corredor.

— Você não pode confiar cegamente nessa garota! Quem sabe o que ela realmente quer? Você verificou os antecedentes dessa garota antes de contratá-la?

— Vanessa, é claro que eu verifiquei tudo antes de contratá-la. Você acha mesmo que eu iria colocar qualquer uma para cuidar dos meus filhos?

Laura congelou ao ouvir seu nome. Ela encostou na parede, tentando decidir se deveria confrontar Vanessa ou fingir que não ouviu. Mas antes que pudesse reagir, uma porta se abriu abruptamente, e Vanessa apareceu na sua frente com um sorriso venenoso.

— Ah, estava escutando?

Laura engoliu em seco, percebendo que seu trabalho na casa já começava a se complicar.

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