SOFIA
A vida começa a ganhar uma nova cadência.
As manhãs com Enzo são mais leves. Ele volta a dormir tranquilo, sem chamar por mim no meio da madrugada. A ausência das visitas devolve à casa a harmonia que tanto lutamos para proteger.
Eduardo parece mais sereno também. Temos jantares caseiros, risadas sinceras e uma cumplicidade que cresce dia após dia. Nos tornamos um lar. Um verdadeiro lar. Pela primeira vez, sinto que estamos vivendo e não apenas sobrevivendo ao caos que Isabella deixou para trás.
Mas basta um toque de celular para tudo balançar de novo.
É Eduardo quem atende. Ele olha para a tela, e eu vejo seus olhos se estreitarem, os ombros enrijecerem. O ar parece ficar mais denso ao nosso redor.
— Quem é? — pergunto, a voz baixa, mas já gelada por dentro. Sinto meu coração dar um salto, como se soubesse, antes mesmo da resposta, que a paz estava com os dias contados.
Eduardo não responde de imediato. Ele desliga, sem dizer nada, e por um instante fica ali, parado, seg