112: Jogada Final

SOFIA

Naquela noite, quando Eduardo me revelou o plano, o mundo pareceu parar por alguns segundos. O silêncio entre nós foi denso, quase sufocante, como se o ar da sala tivesse se transformado em fumaça. Minha primeira reação foi o medo — visceral, instintivo, paralisante.

E se desse errado?

E se ele não recuasse?

E se, ao invés de fisgar o inimigo, a gente fosse o peixe que caiu na armadilha?

Meu coração disparou no peito, descompassado. Senti a garganta fechar e as mãos suarem, mesmo ali, sentada no sofá da nossa fortaleza moderna. Mas, então, como se um estopim fosse acionado dentro de mim, eu lembrei.

Da carta.

Aquela maldita carta com palavras afiadas como facas. O veneno impresso em cada linha, os insultos, as ameaças veladas. O nome do meu filho ali, exposto. Meu bebê. Nosso bebê. Jurado como alvo num jogo sujo que ele nem entendia.

Lembrei da sensação sufocante de ter sido invadida, tocada pelo medo, desafiada no ponto mais vulnerável que existia em mim: o instinto de mãe.

— A
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