Lorenzo Velardi
A tempestade não dava trégua.
A água despencava do céu com uma fúria quase divina, como se o próprio universo tivesse decidido despejar sobre mim todo o peso daquilo que eu tentava esconder até de mim mesmo. A chuva batia contra o pára-brisa com a violência de mil verdades que eu não queria encarar. Era intensa, implacável, quase punitiva. O tipo de chuva que parecia querer arrancar da pele e da alma tudo o que já não servia mais. Mas nem toda aquela água, nem mesmo um dilúvio, conseguiria me purificar da única coisa que me corroía por dentro: Isabella Fernandes.
Meus dedos apertavam o volante com tanta força que os nós ficaram brancos. Os limpadores mal conseguiam afastar a torrente que embaçava meu campo de visão, mas aquilo era o de menos. Eu podia estar dirigindo no escuro, de olhos fechados, em meio ao fim do mundo, que nada do que estivesse do lado de fora se comparava à devastação que eu carregava dentro de mim.
Tudo em mim era ruína.
Nem o sexo frenético e des