A noite caía silenciosa sobre a mansão, tingindo os corredores de penumbra e impondo aquele peso discreto de solidão que Nicolas começava a conhecer de perto. Ao subir a escadaria após um dia longo de trabalho, ele foi surpreendido por um som inesperado. Uma melodia suave ecoava do quarto de Edmund, embalada por uma voz feminina.

Era uma canção de ninar, simples, doce, carregada de ternura. Nicolas parou no corredor, incerto. A voz não era de Bettina. Por instinto, aproximou-se devagar, até deter-se diante da porta entreaberta.

Ali, à meia-luz, viu uma cena que o fez perder o fôlego.

Uma jovem estava sentada na poltrona de amamentação, o pequeno Edmund aconchegado em seus braços. Cantava baixinho, embalando-o com movimentos compassados. O menino, atento, fitava-a como quem contempla uma estrela. Os olhos verdes do bebê refletiam fascinação, como se reconhecesse nela algo maior do que simples novidade.

Nicolas ficou estático, o coração acelerado. A