Capítulo 55
Fênix Souza Muniz
Após o jantar, senti um chamado silencioso vindo do templo. Caminhei até o altar com passos lentos, carregando comigo o peso das dúvidas e o desejo de paz. Acendi alguns incensos com aroma de laranjeira — o cheiro doce e cítrico logo envolveu o espaço, como se purificasse o ar ao meu redor.
Ajoelhei-me diante da imagem sagrada e comecei minhas orações. Pedi a Deus que tirasse de mim o medo que insistia em morar no meu coração — o receio de que a maldição hereditária do meu marido pudesse alcançar nosso bebê. As palavras saíam baixas, mas carregadas de fé.
Depois de alguns minutos em silêncio, senti uma brisa fria tocar minha pele. Abri os olhos devagar, e ali, diante de mim, estava ela — minha bisavó Amélia. Seu corpo parecia feito de luz suave, e seus olhos brilhavam com sabedoria ancestral.
— Oi, minha bisneta — disse ela, com um sorriso sereno. — Vim dar os parabéns pelo meu tataraneto. Sei que você está preocupada com a maldição... mas, para o e