POV Dante Harrison
O som do silêncio preencheu o quarto como fumaça. Isadora estava sentada na beirada da cama, com as mãos trêmulas apertando os próprios joelhos, o olhar perdido no nada. Eu podia ver os ombros dela tensos, como se carregassem o peso de três vidas.
— Isa… — me aproximei devagar, sentindo o ar rarefeito.
Ela não respondeu. O celular dela estava jogado na cama, a tela ainda acesa com a mensagem de voz que Heitor tinha mandado há minutos. A voz dele era arrastada, embriagada. Chorando. Suplicando. Uma montanha russa entre “me perdoa” e “vou tirar esse bebê de você”.
O coração dela parecia pulsar no ar, fora do corpo.
— Amor, fala comigo — toquei no braço dela, suave.
— Eu… eu não consigo respirar — ela sussurrou, como se cada palavra rasgasse a garganta.
— Está tudo bem. Respira fundo comigo, tá? Inspira… — comecei a conduzir.
Mas ela não seguiu. O peito dela arfava, descompassado. O som era agudo, como se o ar recusasse entrar. As mãos foram ao pescoço. O corpo inteiro