POV Isadora Ferraz
O silêncio do apartamento parecia um grito. Me joguei no sofá, o corpo ainda tremendo. Olívia ficou ali, parada, me observando como quem tenta decifrar um enigma.
— Isa… — ela começou, com a voz suave, mas cheia de pontas. — O que aconteceu?
Respirei fundo. Uma, duas, três vezes. Senti o ar arranhar minha garganta como cacos de vidro. O enjoo voltou, misturado com raiva, medo e um gosto metálico que eu não sabia de onde vinha. Levantei os olhos. Olívia estava de pé, os braços cruzados, esperando. Sempre esperando. Mas nunca me deixando sozinha.
— Eu vi... — a voz saiu falhada, baixa, como se não fosse minha. — Na clínica. Elena. Ela estava lá. E… — engoli em seco. — Eu ouvi.
Olívia descruzou os braços, se aproximou devagar. Se sentou na mesinha de centro, na minha frente, me obrigando a olhar pra ela.
— O que você ouviu?
Fechei os olhos. Senti as lágrimas queimando. Não dava mais pra segurar.
— O filho… — a voz quebrou, quase num soluço. — O filho dela não é do Heit