POV Heitor Montenegro
Eu fiquei parado, o motor ainda ligado, o volante suado nas minhas mãos. O banco do passageiro ainda tinha o calor dela. O cheiro dela. O silêncio dela. Eu fiquei olhando a porta aberta. O vento frio entrou, me rasgou a pele. Mas nada doía mais do que o vazio que ela deixou quando desceu do carro.
Ela foi embora. Não era a primeira vez. Mas hoje... foi diferente. Hoje, eu senti. Hoje, eu vi. Ela nunca mais volta. Apertei o volante até os ossos estalarem. Eu me odiava. Odiava ela. Odiava o mundo. "Eu ainda te amo", eu disse. E era verdade. A porra da verdade que me queimava vivo.
Mas amar nunca foi o suficiente pra mim. Eu queria possuir. Dominar. Moldar. Queria ela presa nos meus dedos, respirando meu ar, pedindo permissão pra existir. E agora... agora ela não era mais minha. Eu vi nos olhos dela. O mesmo olhar que me implorava perdão anos atrás agora era um corte frio.
"Não existe de volta", ela disse. Odeio essa frase. Odeio essa porra de realidade. Bati a cabe