POV Heitor Montenegro
Saí do palco com os flashes ainda estourando na retina. O corredor gelado parecia apertar minha garganta. Entrei na sala reservada, bati a porta. Célia já estava lá, sentada, mexendo no celular. O rosto dela? Calmo. Frio. O olhar dela encontrou o meu e me atravessou como uma faca.
— Está pronto? — ela perguntou, sem levantar a cabeça.
— Quase. — respondi, a voz baixa, seca.
Ela largou o celular na mesa.
— Nós precisamos de um último empurrão. O público adora espetáculo, mas o público também precisa de provas.
Caminhei até a poltrona. Minhas mãos tremiam. Peguei o tablet. Apertei “play”. O primeiro vídeo começou: Isadora chorando no quarto, gritando, jogando objetos no chão. O rosto dela vermelho, transtornado. A voz falhando de tanto chorar.
— Olha isso… — murmurei, passando o dedo na tela. — Ela parecia louca.
— Parece não. Ela vai parecer. — Célia corrigiu, com frieza.
O segundo vídeo. Um trecho dela saindo escondida, entrando no carro de Dante. O beijo rápido.