POV Isadora Ferraz
O Uber parecia voar. O motorista falava algo sobre futebol, mas minha cabeça estava em outro planeta. Cada farol, cada esquina, era como se o tempo esticasse, rasgando minha paciência em tiras.
Quando o carro parou em frente ao prédio do Dante, eu quase pulei pra fora antes mesmo de frear completamente. O porteiro me reconheceu, abriu o portão sem perguntar nada. Eu nem agradeci.
Subi. O elevador parecia subir em câmera lenta. O coração socava meu peito, como se quisesse sair correndo antes de mim.
A porta do apartamento estava entreaberta.
Empurrei.
— Dante? — chamei, a voz arranhada, insegura.
Ele apareceu no corredor, camisa escura, mangas dobradas, cabelo bagunçado. O rosto sério. Tenso. Os olhos... ah, os olhos.
Quando me viu, deu um passo à frente.
— Você veio. — disse, baixo.
— O que você fez? — perguntei, sem respirar direito.
Ele não respondeu de imediato. Passou a mão pelo cabelo, virou de costas. Foi até a bancada, pegou um notebook aberto, chei