POV Dante Harrison
Acordei antes do sol. Ou melhor, não dormi.
Passei a noite inteira sentado na poltrona do quarto, olhando para um ponto fixo na parede, ouvindo o barulho do mar se misturando ao barulho dentro da minha cabeça. O mesmo som repetitivo, incansável, sufocante: o nome dele. O rosto dele dentro do caixão. A expressão congelada que parecia me julgar até morto.
“Você nunca foi suficiente.”
Engraçado como algumas frases grudam dentro da gente feito ferrugem.
Engraçado como eu passei anos fugindo dessas frases e, no fim, elas me encontraram de novo num salão cheio de flores brancas e gente fingindo que sente alguma coisa.
Sofia ressonava baixinho no berço. Isadora dormia de lado na cama, o rosto meio afundado no travesseiro, a respiração calma. Por um momento, olhando as duas, pensei em ficar. Em mandar alguém no meu lugar. Em não reviver mais um capítulo dessa história que eu jurei deixar pra trás.
Mas, claro, a vida não deixa a gente escolher tudo.
Às nove da manhã