POV Dante
Editora Vertigem — tarde do mesmo dia
A porta de vidro da Vertigem fechou atrás de mim com um estalo seco.
Normalmente aquele som me trazia paz, minha casa nova, minha vida nova, minha segunda chance, mas hoje, ele soou como uma sentença.
A leitura do testamento ainda latejava dentro da minha cabeça. Cada palavra. Cada olhar. Cada veneno disfarçado de condolência. O olhar da minha mãe. Frio. Clínico. Como se eu fosse uma falha de fabricação que ela estava tentando compreender.
O olhar dos meus irmãos ou o que quer que eles fossem pra mim. A surpresa deles não foi de luto. Foi de ganância ferida. Eles queriam as migalhas do império. Meu pai deixou tudo pra mim. E isso… isso os destruiu mais do que a morte dele.
Enquanto eu caminhava até minha sala, cada passo parecia mais pesado que o anterior. Meus pensamentos vinham em espirais agressivas, atravessando lembranças antigas que eu preferia manter enterradas.
“Você vai assumir essa empresa algum dia.” “Você vai carregar