POV Isadora
O ar entre nós parecia ter se solidificado, carregado de um ódio antigo e de ameaças não ditas. A promessa na minha voz não soou como um blefe, e Heitor percebeu. Seus olhos, antes cheios de um desdém gelado, faiscaram com algo mais perigoso, mais pessoal.
Antes que eu pudesse recuar, ele fechou a distância num movimento rápido e brutal. Sua mão agarrou a nuca do meu pescoço, os dedos se enterrando no meu cabelo, forçando minha cabeça para trás.
— Cale a boca — ele rosnou, e então sua boca cobriu a minha.
Não era um beijo. Era uma violação. Um ato de domínio. O gosto dele era de raiva e whisky caro, um sabor amargo e familiar que me fez querer vomitar. Meu corpo reagiu antes da minha mente.
Eu me contorci, empurrei seu peito com todas as minhas forças e, quando ele se afastou alguns centímetros, o som do meu tapa ecoou no estacionamento silencioso como um disparo.
A marca vermelha da minha mão floresceu em sua bochecha. Ele ofegou, mas em seus olhos não havia surpres