POV Heitor Montenegro
O barulho da impressora foi o primeiro som que me irritou naquele dia.
Depois veio o segundo, o clique apressado das teclas de Mariana, minha secretária, digitando como se o teclado fosse um inimigo pessoal. E o terceiro, o pior de todos: o bip da notificação do jornal financeiro na tela do meu computador.
“Herdeiro Harrison abandona império da família e aposta em editora independente. Ações da Vertigem sobem 14% em 24 horas.”
O título era como um bisturi. Frio. Preciso. E dolorosamente real.
Meu olhar correu pela página, as palavras se misturando ao som distante dos telefones tocando. No centro da matéria, a foto, aquela maldita foto, que me atingiu como um soco.
Dante, de camisa branca e sorriso leve, segurava a filha nos braços. Isadora ao lado dele, cabelos soltos, rosto sereno. Os três pareciam uma pintura. Uma família perfeita.
Por um instante, esqueci de respirar.
A legenda embaixo dizia: “Dante Harrison, ao lado da esposa e da filha, em frente à editora